Para dar continuidade a série de debates ministrados aos aprendizes do Módulo Amarelo da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, o pesquisador de teatro Alexandre Mate foi convidado para falar sobre o teatro épico, que se relaciona diretamente com o eixo temático estudado no período vespertino, a narratividade.
No encontro de ontem (25/8) à tarde, ao introduzir o tema principal, Mate ressaltou a capacidade de reflexão que o gênero deve suscitar nas pessoas. “Quando se explicita o que será feito, automaticamente confere-se a necessidade de analisar criticamente o que é visto. Pensar é fundamental, pois nós somos manipulados o tempo todo.”
O convidado, entretanto, não se ateve apenas a esse objeto. No início, buscou na origem histórica do teatro, na Grécia Antiga, algumas explicações para a função do teatro naquela época. “A linguagem como manipuladora do sujeito se desenvolveu nessa época. O teatro tinha uma função mítica, religiosa e democrática, ao mesmo tempo”, comentou.
Os gregos e seu teatro continuaram sendo o foco da abordagem de Mate, que destacou assuntos como a fusão entre a cultura teatral grega e romana, o desaparecimento de grande parte da produção artística daquela época e as características das tragédias, o que o levou a se aprofundar na literatura e sua estrutura.
Segundo ele, existem três modos para construir um discurso literário: o lírico – que desperta a subjetividade e dá vazão à voz interna –; o épico, que prioriza a exterioridade e objetividade; e o dramático, no qual o narrador “se dilui e se manifesta na personagem”.
Outro tópico adentrado por Mate foi o papel do dramaturgo, o “tecedor de ações humanas”, que, utilizando-se de três fatores na construção do texto – ideias, técnica e imaginação –, cria determinadas paisagens históricas e faz com que elas cheguem de maneira compreensível às pessoas. “Na antiguidade, ele era considerado o porta-voz dos deuses. Ele age como o acordador da memória histórico-cultural das pessoas.”
Durante a palestra, o pesquisador ainda teve tempo de falar sobre o desenvolvimento dos teatros livre, popular e naturalista, além da crise e reestruturação do gênero dramático.
Texto: Felipe Del