Em 2019, os estudantes do curso técnico da SP Escola de Teatro tiveram um encontro especial com o cantor, compositor, ator e produtor, que é expoente de disseminação da cultura popular de matriz africana no Brasil, Tião Carvalho. A visita aconteceu para comemoração do início das aulas, e também contou com a presença de Zeca Baleiro.
O encontro foi descontraído, cheio de dinâmicas em grupo e brincadeiras, e através das atividades o artista levou os participantes ao universo das danças tradicionais do nordeste brasileiro. Os estudantes dançaram em roda e brincaram ao som de cantigas o Cacuriá, que surgiu da tradição junina do Divino Espírito Santo:
“O objetivo foi trazer para os corpos dos estudantes esse mundo de brincadeiras, procurando mostrar como, às vezes, a gente foge das coisas simples da vida hoje em dia”, comentou o artista.
Na época, o tema do material de estudo do semestre era o imaginário da infância, portanto, a reflexão e discussão trazida a partir das experiências coletivas se alinharam com os questionamentos propostos.
Nascido no Maranhão, o Mestre Tião é fundador do Grupo Cupuaço, que atua no Morro do Querosene, em São Paulo, e pesquisa e realiza apresentações sobre músicas e danças populares nordestinas. Durante a conversa com os estudantes, o artista falou sobre suas relações com manifestações artísticas como o Bumba-Meu-Boi e o Cacuriá, além de compartilhar um pouco mais de sua trajetória. Tião iniciou sua atuação artística colaborando com a montagem da peça Saltimbancos ao lado de Aldo Leite, e o espetáculo mesclava cultura popular de origem afro-brasileira com elementos da cultura europeia.
No entanto, desde criança Tião já tinha uma relação próxima com música, participando de rodas de choro e samba que aconteciam com frequência em sua cidade natal. Ele comentou que nasceu envolto nessa cultura popular, da qual muitos aspectos foram incorporados em seus trabalhos mais tarde. Segundo o cantor, a tradição por lá permanece resiliente mesmo após as muitas mudanças do mundo contemporâneo:
“A gente atribui o enfraquecimento de tradições à chegada das tecnologias, mas a cultura é forte, nós somos os vulneráveis ao que é novo”.
Confira como foram as brincadeiras com os estudantes: