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Pânico Vaginal é uma proposta inovadora e mostra a importância da desconstrução do ideal de masculinidade

Por Cíntia Duque*

Quando a gente pensa que já viu de tudo …

Quando a gente pensa que já viu de tudo, surge a produtora Romã Atômica juntamente com a Mostra Aldir Blanc na SP Escola de Teatro, para nos mostrar que é possível ver mais e mais e mais.

Foi assim que me senti ao assistir Pânico Vaginal, uma peça – cinema ambientada em um futuro distópico e inspirada no universo das histórias em quadrinhos e filmes de ficção cientifica.

Como os próprios produtores denominam, trata-se de uma produção de “baixo orçamento”, mas que não compromete em nada a admirável e corajosa investigação sobre as possibilidades de hibridização das linguagens do cinema, teatro, dança e performance. Essa miscelânia conta com toques coreográficos de Kung-fu, tendo como personagem principal a “heroína Georgia”. Uma combatente diferente de tudo que você já viu.

Cena de Pânico Vaginal/ Crédito da foto: Marcelle Cerutti

Com respaldo do Sistema Único de Saúde (SUS), Georgia, decide fazer uso do “armamento íntimo’. Um direito adquirido pelas mulheres para que lutem contra a masculinidade toxica e opressora de um antigo sistema patriarcal, fazendo também alusão ao nosso atual governo armamentista, que inviabiliza a possibilidade do diálogo, através do apoio a violência.

A autora do texto, Lara Duarte, que é responsável pela dramaturgia e performance como a heroína principal, além de muitas sátiras inteligentes, desvela muitos assuntos e nos faz refletir sobre onde mora o machismo enraizado em cada um de nós e que tanto renegamos; sugere ainda o ceifar de todos os homens, mas seria essa, uma solução perfeita? Sabemos claro, tratar-se de uma obra de ficção, por isso me permito o questionamento: um mundo povoado somente por mulheres, seria um mundo menos machista?

Pânico Vaginal/ Crédito da foto: Marcelle Cerutti

O espetáculo meio teatro e meio audiovisual, conta com uma ótima trilha sonora idealizada por Lana Scott e traz à tona um desejo escondido de vingança contra o arquétipo machista existente desde que nos conhecemos por gente e escancara muito do nosso cotidiano.

Pânico Vaginal é uma proposta inovadora e mostra a importância da desconstrução do ideal de masculinidade. Com uma Identidade visual muito consistente e bem elaborada, acidez proporcional ao tema e poucos figurinos (prepare-se: contém nudez explícita), contém cenas bem-humoradas e por vezes perturbadoras, como as que usam uma câmera endoscópica percorrendo caminhos inimagináveis.

Veja o mundo de um ângulo diferente e prepare-se, pois, elas estão soltas e com sede!

* Cíntia Duque é formada em pedagogia, estudante de crítica teatral, editora de conteúdo no site eunoteatro.com.br e perfil do instagram @eunoteatro , voltado a divulgação de espetáculos, artistas e toda forma de arte e cultura.

A editora de conteúdo Cíntia Duque, do @eunoteatro, uma dos 12 comunicadores da Mostra Aldir Blanc na SP Escola de Teatro - Foto: Edson Lopes Jr.

A editora de conteúdo Cíntia Duque, do @eunoteatro, uma dos 12 comunicadores da Mostra Aldir Blanc na SP Escola de Teatro – Foto: Edson Lopes Jr.

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