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Lançamento do livro “Eternizar em Escrita Preta” destaca três autores negros e a importância de narrativas plurais

Lançamento do livro “Eternizar em Escrita Preta” e os autores Apollo Faria, Daiany Pontes e Lu Varello 

Lançamento do livro “Eternizar em Escrita Preta” e os autores Apollo Faria, Daiany Pontes e Lu Varello.

Aconteceu nesta quarta-feira (22), na unidade Roosevelt da SP Escola de Teatro, o lançamento do livro “Eternizar em Escrita Preta”, que contou com a participação dos três autores vencedores do Prêmio Solano Trindade 2022. Miguel Arcanjo Prado, coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SPET, foi o apresentador e mediador da noite.

Nesta edição, Apollo Faria apresenta a peça “Diário Negro”, enquanto Daiany Pontes nos brinda com a “Cantata Descontínua das Águas Pluviais” e Lu Varello nos envolve com “Tá Faltando Iemanjá!”. Essas obras se destacam por seu notável vigor teatral, certamente despertando o interesse de encenadores em busca de novas abordagens cênicas.

São textos que se revelam como leituras enriquecedoras para aqueles que se dedicam a elas. Arcanjo ressaltou a importância do prêmio por dar visibilidade a novos autores. “Quando negros e negras escrevem novas dramaturgias, o teatro evolui em sua perspectiva, com novas possibilidades narrativas. Durante muito tempo, o teatro no Brasil teve um discurso majoritariamente branco. Um livro como esse, do Prêmio Solano Trindade, com três potentes autores negros como Apollo Faria, Daiany Pontes e Lu Varello, evidencia que há uma nova dramaturgia surgindo”.

Além de dramaturga, Lu Varello também é estudante de artes cênicas na Unirio, no Rio de Janeiro. Na noite de lançamento, ela teve a ilustre presença de sua mãe, que se emocionou junto com a filha pela conquista do livro. “É muito importante ter esse prêmio, ainda mais com esse nome. Solano Trindade foi um autor, militante nordestino e ele fez tanta coisa para que a gente pudesse escrever”, ressaltou ela.

Daiany Pontes é atriz e estudante de letras da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e reflete sobre o lugar do negro dentro das artes cênicas e na sociedade. “Em um passado não tão distante, nós, negros, não podíamos nos representar nos palcos de teatro, era o outro que nos representava. E o questionamento de agora é: como o negro se integra na dramaturgia e como decolonizar? São esses pensamentos que fazem a gente pensar em um projeto desse,” pontua.

Apollo Faria é ator formado pela Fundação das Artes de São Caetano do Sul (FASCS) e trabalha com teatro desde muito jovem. Quando se deparou com o Prêmio Solano Trindade, sentiu-se contemplado e valorizado para enviar seu texto. “Eu vi um lugar que dava, finalmente, um reconhecimento para artistas negros. Principalmente, a gente que está sempre buscando trabalho, reconhecimento e um espaço que comprove a nossa qualidade”, enfatiza Faria.

A premiação é uma homenagem ao escritor, diretor, cineasta, ator, diretor e militante pernambucano Francisco Solano Trindade (1908-1974), cujas obras fazem marcantes denúncias contra o racismo.

Durante o evento, Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro, e Miguel Arcanjo receberam o troféu do Selo Igualdade Racial, concedido pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura da cidade de São Paulo. É a terceira vez que a Escola recebe o reconhecimento.

Leia o livro de 2023 aqui.

Outras edições do prêmio

Da primeira edição, em 2020 e com livro em 2021, resultou a publicação das três dramaturgias: “Guerras Urbanas”, de Camila de Oliveira Farias, do Rio de Janeiro; “Como Criar para um Corpo Negro sem Órgãos?”, de Lucas Moura, de São Paulo; e “Medeia Homem”, de Robinson Oliveira, do Rio Grande do Sul. Leia o livro.

Da segunda edição, de 2021 e com livro em 2022, resultou a publicação das três dramaturgias: “Atropelo”, de Amanda Carneiro (São Paulo/SP); “Limiar ou Primeiro Impulso que Algo Aconteça”, de Amanda Pessoa (Dourados/MS); e “Piscinas: um Estudo Sobre Águas”, de Mariana Ozório (Belo Horizonte/MG). Leia o livro.




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