Com direção de Camila Turim e Hugo Possolo, coordenador de Atuação da SP Escola de Teatro, tragicomédia propõe reflexão sobre a violência contra a mulher e sobre como o sistema de justiça tende a culpabilizar vítimas de crimes sexuais.
Em resposta ao aumento de casos de violência contra a mulher em todo o mundo – sobretudo no Brasil – nos últimos anos, o espetáculo “Consentimento”, da premiada autora inglesa Nina Raine, propõe uma discussão afiada e universal sobre o sistema judicial, que acaba culpabilizando as vítimas dos crimes sexuais.
A peça ganhou uma versão brasileira dirigida e idealizada por Camila Turim, com co-direção de Hugo Possolo, que estreou no Sesc Belenzinho em 2022. E agora, o trabalho ganha novas apresentações gratuitas no Teatro Cacilda Becker, de 4 a 19 de novembro; na Oficina Cultural Oswald de Andrade, de 11 a 16 de dezembro; e no Theatro Municipal, entre 26 e 27 de janeiro de 2024.
A montagem brasileira, que tem tradução de Clara Carvalho, traz no elenco Anna Cecília Junqueira, Camila Turim, Erica Montanheiro, Fernando Nitsch (substituído por Flavio Tolezani apenas no dia 5/11), Guilherme Calzavara, Lisi Andrade e Sidney Santiago.
O texto, uma tragicomédia de humor ácido que dialoga com temas urgentes e universais, estreou no National Theatre de Londres, na Inglaterra, e, desde então, ganhou várias encenações ao redor do mundo. A versão dirigida por Camila Turim foi a primeira montagem brasileira da obra.
“É um dos textos contemporâneos mais brilhantes que já li, uma peça que consegue ser impactante, contundente, dolorosa, afiada e divertida. É como se pudéssemos vivenciar as contradições de uma geração que hoje chega aos 40 anos refletindo sobre o espírito do nosso tempo. É, também, pessoalmente uma peça em legítima defesa. Minha terceira produção sobre uma das últimas instâncias das violências que o corpo da mulher atravessa: o estupro”, comenta a diretora Camila Turim.
Sobre a peça
A trama do espetáculo acompanha casais de amigos que compartilham entre si opiniões sobre um caso de estupro, no qual o agressor alega ter tido o consentimento da vítima para a relação sexual. Essas opiniões são confrontadas com as atitudes de cada um dos personagens em suas vidas privadas. As relações entre os casais da peça se aprofundam a ponto de revelar um cotidiano que ultrapassa as pequenas agressões. Entre festas, encontros e audiências jurídicas, o limite entre o pessoal e o profissional das personagens começa a ser borrado e as certezas vão perdendo contorno.
Sobre esses personagens complexos e contraditórios, Turim pontua: “Elas e eles são protagonistas que se debatem entre suas escolhas nas suas vidas públicas e privadas. Entre seus discursos e seus desejos. O universo da justiça é o palco para um jogo desumano de estabelecer a força da narrativa que vence, numa construção de retóricas muitas vezes tão cruel que nos leva ao riso. Na berlinda estão as mulheres vítimas de violência sexual, revitimizadas por um sistema que não as acolhe”.
Já o co-diretor Hugo Possolo, conta sobre os desafios de discutir um tema tão importante. “Coloquei-me diante de meu próprio machismo. Minha trajetória como artista, com tantas outras vertentes de linguagem, foi convocada a se redimensionar para artisticamente expor e viver minhas próprias contradições. Nessa montagem tenho como principal tarefa me voltar à atuação, construindo os caminhos das atrizes e atores para suas personagens, respondendo às opções estéticas concebidas pela Camila. Retirado de uma condição de poder à qual me habituei, à frente de muitas direções, combinamos que minha experiência estaria a serviço de esmiuçar as diversas possibilidades de cada atuação, para chegarmos juntos ao deslocamento que a dramaturgia de Nina Raine nos oferece”, afirma.
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Sobre Nina Raine
Por seu primeiro texto teatral, “Rabbit” (2006), Nina venceu o prêmio de Most Promiseng Playwrite (Mais Promissora Dramaturga) pela Evening Standard Theatre Awards (prêmio teatral mais tradicional e longevo do Reino Unido). O texto “Tribos” (2012) recebeu o prêmio Drama Desk Award de melhor peça teatral pela New York Drama Critics Circle (Associação dos críticos teatrais de Nova Iorque). No Brasil, a produção dessa comédia perversa pelo ator Antonio Fagundes estreou em 2013 e ficou em cartaz durante dois anos. Entres seus outros textos, estão “Tiger Country” (2011) e “Stories” (2018).
“Consent” (“Consentimento”) estreou no National Theater de Londres em 2017. Suas peças já foram montadas em Nova Iorque, Los Angeles, São Paulo, por toda Europa e no Japão. Uma autora jovem que tem uma dramaturgia que capta questões universais tendo suas obras traduzidas para mais de dez idiomas, entre eles, português, espanhol, italiano, hebreu, croata, húngaro e coreano.
Ficha Técnica
Texto: Nina Raine
Tradução: Clara Carvalho
Direção: Hugo Possolo e Camila Turim
Elenco (em ordem alfabética): Anna Cecília Junqueira, Camila Turim, Erica Montanheiro, Fernando Nitsch*, Guilherme Calzavara, Lisi Andrade e Sidney Santiago.
*Flavio Tolezani faz o personagem Ed, no lugar de Fernando Nistch, no dia 5 de novembro.
Assistência de Direção e Stand In – Tadeu Pinheiro
Trilha Sonora: Daniel Maia
Figurinos: Anne Cerrutti
Desenho de Luz: Miló Martins
Cenário: Bruno Anselmo
Fotos – Priscila Prade
Contrarregra – Marun Reis
Operador de Luz – Binho Govith
Operador de Som – Deivson Nunes
Produtoras Assistentes – Isadora Bellini e Giovanna Ueda
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Coordenação de Projeto: Elen Londero
Administração: Cirandar
Coordenação Produção e Idealizaçāo: A Outra Produções
Serviço
Ingressos: gratuitos, distribuídos com uma hora de antecedência
Classificação: 16 anos
Duração: 120 minutos, com 4 minutos de intervalo
Teatro Cacilda Becker
Rua Tito, 295, Lapa, São Paulo
Quando: 4 a 19 de novembro, aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h
Capacidade: 220 lugares
Acessibilidade: Local acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, São Paulo
Quando: 11 a 16 de dezembro, de segunda a sábado, às 18h
Capacidade: 70 lugares
Acessibilidade: Local acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
Cúpula do Theatro Municipal
Praça Ramos de Azevedo, s/n – República
Quando: 26, 27 e 28 de janeiro de 2024, de sexta a domingo, às 19h
Capacidade: 120 lugares
Acessibilidade: Local acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida