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Jessica Marta Dornelles, estudante de Direção da SP Escola de Teatro, fala de sua experiência ao ministrar oficinas teatrais no Arsenal da Esperança

O Programa Oportunidades da SP Escola de Teatro ofereceu entre os meses de outubro e novembro oficinas de jogos teatrais aos acolhidos do Arsenal da Esperança. Os estudantes-bolsistas responsáveis pelas práticas foram Jessica Marta Dornelles e Jucenil Leônidas Marques Faria, que são do curso técnico de Direção.

O Arsenal da Esperança é uma casa de acolhimento, fundada em 1996, localizada nas instalações da antiga Hospedaria de Imigrantes no bairro da Mooca, próxima à sede Brás da SP, por iniciativa de Ernesto Olivero e Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida.

Há 26 anos, abre diariamente sua porta para 1.200 homens que se encontram em dificuldades, o assim chamado “povo em situação de rua”, jovens e adultos que sofrem pela falta de trabalho, moradia, alimentação, saúde e família. Ao ingressarem nesse lugar limpo e acolhedor, os acolhidos podem encontrar os seus direitos, deveres e sobretudo, a possibilidade de fazer o bem e de procurar o sentido da vida.

Dentro desse contexto, a oficina do Programa Oportunidades foi mais um incentivo para esses homens poderem reencontrar novos caminhos, possibilitando um novo aprendizado com os jogos teatrais, além de ser também uma ação de escuta.

Jessica conversou com a comunicação da SP para contar as experiências de troca entre as duas instituições e compartilhou depoimentos de alguns dos participantes.

Confira:

Qual foi a proposta da última oficina?

Jessica: A última proposta surgiu do próprio Arsenal da Esperança, eles nos pediram uma oficina para produzir cartões de natal, então executamos essa oficina para eles…

Acolhido: “Oficina já diz tudo, lugar de trabalho. Nós estamos trabalhando a nossa mente, nossa criatividade, junto com pessoas maravilhosas, pessoas que nos agregam, nós temos sempre que buscar pessoas que nos agregam, não pessoas que põe a gente pra baixo. E essas oficinas aqui no Arsenal trazem isso pra nós.”

Como os acolhidos reagem com as propostas das oficinas?

Jessica: Eles amam. Tem sido um movimento muito bonito e muito gratificante. Quando não vamos, eles sentem falta de nós! E isso é positivo!

Acolhido: “Eu me sinto muito feliz de ter sido convocado pra fazer parte desse grupo aqui, porque eu me sinto mais importante. Eu agradeço a todos, estou com a mente leve, estou aliviado, porque pra mim foi mais do que uma terapia, me trouxe muita alegria.”

E para vocês, estudantes- artistas, como está sendo as propostas?

Jessica: Tem sido extremamente grandioso e gratificante fazer essas atividades no Arsenal. Acredito que a arte e o teatro mudam vidas, e chegar com o teatro nesses locais onde não se tem muito acesso é de extrema importância, tanto para nós artistas, quanto para os participantes! Tem sido uma experiência incrível para mim… e muito grandiosa.

Acolhido: “Devido a algumas perdas, consequências da minha vida, essa oportunidade de poder trabalhar a arte, o aprendizado e de ter pessoas que possam nos ajudar, pelo menos pra mim é o que me traz felicidade e dignidade novamente, um começo, meio e fim, e uma chance de poder vivenciar isso tudo novamente.”

Além dos jogos teatrais, vocês também estão fazendo momentos de escuta? Como está sendo?

Jessica: Quando falamos de um público tão específico quanto esse, é necessário escutar mais e falar menos. Esses homens já estão acostumados a não se sentirem ouvidos dentro da sociedade, então atividades de escuta são de extrema importância, afinal, ouvir às vezes é mais potente do que falar…

Acolhido: “Pra mim é muito gratificante estar aqui hoje, fazendo algum tipo de trabalho que esteja envolvendo outras pessoas, que estão na mesma situação que eu, sei que é muito difícil, mas esses momentos bons que fazem a gente superar e olhar pra um futuro melhor.”




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