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Espetáculo Infância, de Graciliano Ramos, entra em cartaz na próxima segunda (6), na SP Escola de Teatro

Alexandre Rosa e Ney Piacentini no espetáculo Infância | Foto: Divulgação

Estreia na próxima segunda-feira, 6, na sede Roosevelt da SP Escola de Teatro, o espetáculo Infância, protagonizado por Alexandre Rosa e Ney Piacentini. A produção fica em cartaz até 26 de abril, de segunda a quarta, sempre às 20h30. Os ingressos podem ser retirados pela Sympla da instituição.

Idealizada e produzida pelo grupo rodateatro, a peça já foi apresentada em cidades de Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Paraná, Aracaju, Salvador e na capital paulista já integrou a programação do Theatro Municipal e da Biblioteca Mário de Andrade. De março a abril deste ano, o projeto estará em temporada na SP Escola de Teatro, além de sessões para a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e unidades do SESC/SP.

Foto: Divulgação

Infância é a transcrição cênica e musical a partir do livro homônimo de Graciliano Ramos, publicado em 1945. Nesta obra, o escritor alagoano traz à tona seus primeiros anos de vida até o despertar da puberdade vividos no interior dos Estados de Alagoas e Pernambuco. Em meio à dura vivência com a família, surge página a página uma criatura, mesmo que marcada por uma difícil alfabetização, interessada nos vários personagens à sua volta e no mundo das letras.

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Esse jogo literário que acumula temporalidades (as diferentes idades do menino e a perspectiva do adulto) é explorado na adaptação à cena que, ao priorizar a falta de trato familiar, a precariedade do ambiente escolar e as dificuldades sofridas pelo garoto no letramento, cria um contraste epifânico, uma vez que aquele que passa a vislumbrar novas paisagens a partir da aproximação aos livros se tornará (ao mesmo tempo que já é) um dos maiores escritores brasileiros.

Em dezembro de 2021, os dois artistas foram até o sertão de Pernambuco e Alagoas, em busca dos espaços onde se dão os episódios de Infância e de seu mundo sensorial. Passaram por Quebrangulo, Viçosa, Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE). Lá conheceram a aridez e a pulsação da gente do sertão e da Zona da Mata nordestinos. Visitaram as ruas citadas no livro, as casas em que Graciliano viveu e puderam conviver com os locais. Além dessa viagem de imersão e da leitura das obras completas do autor, a pesquisa contou ainda com quatro palestras proferidas por especialistas como Ieda Lebensztayn, Ivan Marques, Leusa Araujo e Luciana Araujo Marques.

Foto: Divulgação

Conhecido por seu estilo “seco”, o autor se utiliza apenas das palavras e frases essenciais, e a encenação segue na mesma direção. A montagem é simples, porém inventiva: a cenografia é feita de objetos imprescindíveis ao palco, com sofisticados instrumentos musicais que se transformam, por meio de sugestões indiretas, na indumentária do projeto. O trabalho está planejado de modo a facilitar a adaptação às condições materiais dos espaços e não o contrário.

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A encenação é seguida de uma conversa sobre o universo de Graciliano Ramos. Entram em debate os conteúdos, as formas, as demais obras do autor, sua inserção no panorama da história e literatura brasileiras, além de outros aspectos de interesse da plateia. Haverá ainda a apresentação do processo de construção do espetáculo, especulando sobre como Ney Piacentini (ator) e Alexandre Rosa (músico) deram vida cênica ao Infância.

O objetivo do grupo de trazer ao palco um dos livros mais importantes do autor consagrado tem a intenção de estimular a leitura e a formação de público na conjugação entre literatura, teatro e música.

GRACILIANO RAMOS
Primeiro de dezesseis filhos, nasceu na pequena Quebrangulo, interior de Alagoas, na tarde de 27 de outubro de 1892. Três anos depois, seu pai compra uma fazenda em Buíque, sertão pernambucano que, mais tarde, será o cenário de Vidas secas (1938). Essa mudança da família, a propósito, figura no primeiro capítulo de Infância. Numa escola que servira de pouso para a viagem, o menino ouve um senhor de barbas longas entoar um bê-a-bá único e que restará cravado em sua lembrança. Em 1899, seguem para Viçosa, Zona da Mata alagoana, marcando a passagem da vida rural para a de uma pequena vila, onde o pai se estabelece como pequeno comerciante. Graciliano surge como romancista em 1933 com a publicação de Caetés, estreia que se dá tempos depois de seus relatórios como prefeito de Palmeira dos Índios terem caído nas mãos de um editor. Nesse mesmo ano é nomeado diretor da Instrução Pública de Alagoas (cargo equivalente ao de secretário de Educação) e, no seguinte, publica São Bernardo. Em março de 1936 é preso sem qualquer acusação formal no dia em que entrega os originais do romance Angústia à datilógrafa de confiança. Levado para o Rio de Janeiro, é confinado em diferentes prisões, conforme conta em Memórias do cárcere, publicado em 1953, ano de sua morte. Entre outros de seus livros de contos, crônicas e os infantis estão A terra dos meninos pelados, Histórias de Alexandre, Insônia, Viagem, Linhas tortas e Viventes das Alagoas.

NEY PIACENTINI
O ator possui 43 anos de teatro e interpretou mais de 65 espetáculos em sua trajetória. Tem Pós-Doutorado no Instituto de Artes da UNESP, com o projeto Anotações sobre a história da atuação no Brasil. Foi professor temporário por três anos na Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP) na disciplina Poéticas da Atuação II e atuou como orientador na Pós-Graduação de Direção e Atuação na Célia Helena Centro de Artes e Educação. Trabalhou como professor substituto no Instituto de Artes da UNESP na disciplina Laboratório de Atuação e de Processos da Performance V e VI e exerceu a função de professor de Direção de Atores na Pós-Graduação em Direção Teatral na Faculdade Paulista de Artes. Possui doutorado e mestrado em Pedagogia Teatral pela ECA/USP. Publicou os livros (DES)APRENDIZAGENS – TEXTOS SOBRE ATUAÇÃO; O ATOR DIALÉTICO: VINTE ANOS DE APRENDIZADO NA COMPANHIA DO LATÃO (fruto do doutorado); EUGÊNIO KUSNET: DO ATOR AO PROFESSOR (fruto do seu mestrado) e STANISLAVSKI REVIVIDO (Org. com Paulo Fávari). É integrante da Companhia do Latão desde a sua fundação em 1997. Em 2016 foi indicado ao Prêmio de Melhor Ator pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) por seu solo ESPELHOS e estreou INFÂNCIA em 2021. Em 2018 foi indicado ao Prêmio Aplauso Brasil pelo seu livro O ATOR DIALÉTICO – Categoria Destaque e ao Prêmio Botequim Cultural – RJ como Melhor Ator Coadjuvante por LUGAR NENHUM da Companhia do Latão. Fez parte do conjunto que venceu o Prêmio Questão de Crítica – RJ 2013 de melhor elenco com O PATRÃO CORDIAL e o de melhor espetáculo estrangeiro em Cuba em 2007 com O CÍRCULO DE GIZ CAUCASIANO, de Bertolt Brecht. É ator, professor de teatro e autor de livros sobre atuação. Em 2014 recebeu o Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro pela sua contribuição ao Teatro Paulista. Criador, ao lado de Alexandre Rosa, do núcleo RODATEATRO, que está apresentando INFÂNCIA, de Graciliano Ramos

ALEXANDRE ROSA
Alexandre é Doutor em música-performance pelo Instituto de Artes da UNESP onde também realizou seu mestrado. Sua graduação em musica-instrumento foi pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Foi primeiro contrabaixo solista da Orquestra Sinfônica de Santo André e membro da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Fundador e diretor artístico da Orquestra de câmara Engenho Barroco, tendo atuado com esta e em grupos de câmara com música barroca e contemporânea. Suas pesquisas sobre técnicas estendidas resultaram no CD BASS XXI (2013) e na publicação, pela Editora UNESP do livro Técnicas Estendidas do Contrabaixo no Brasil- Revisão de Literatura, Performance e Ensino (2014). Como professor de contrabaixo no Instituto Baccarelli, 2007 a 2017, pode fazer a aplicação destas técnicas na iniciação ao instrumento. Atualmente é músico da OSESP, orquestra com a qual tocou em salas de música como o Carnegie Hall e Lincoln Center (Nova York), Royal Albert Hall (Londres), Concertgebouw (Amsterdã), Chatelet e Pleyel (Paris) Philarmonie (Berlin), Palau da Música (Barcelona), Colon (Buenos Aires), National Center for Performing Arts (Pequim) entre outras. No teatro participou de oficinas com Jean-Jacques Lemetre e Viviane Dado-Sortie (França); Julia Varley (Dinamarca) e Kalamandalam Shivadass (India). Esteve na Odin Week em Holstebro (DNK) onde participou de oficinas com atores e músicos do Odin Teatret e também com o diretor do grupo, Eugenio Barba. Tem ministrado palestras e workshops para músicos e atores em instituições conceituadas como os Festivais de Música de Campos do Jordão e Juiz de Fora além das Escolas de Teatro da ECA-USP, IA-UNESP e National School of Drama (NSD) da India. Já atuou ao lado de Antonio Fagundes e Cacá Carvalho em ‘A Historia do Soldado’; ‘Contrabass in Concert’ com atuação e direção de Sérgio Mamberti.

FICHA TÉCNICA
Autor: Graciliano Ramos
Idealização e adaptação: Ney Piacentini
Concepção e direção: Ney Piacentini e Alexandre Rosa
Interpretação: Ney Piacentini (atuação) e Alexandre Rosa (músico)
Assistente de direção e iluminação: Elis Martins
Fotos e vídeos: João Maria Silva Jr.
Programação visual: Paulo Fávari.
Produção: Gisela Reimann
Debatedores: Lucina Araujo Marques e Ricardo Ramos Filho

Serviço
Espetáculo: Infância Graciliano Ramos
Quando: Temporada de 06/03 a 26/04 de 2023
Segunda, terça e quarta, às 20h30
Onde: SP Escola de Teatro – Sede Praça Roosevelt – Praça Roosevelt, 210
Ingressos: 20 inteira / 10 meia-entrada (Preços populares)
Retirada via Sympla SP Escola de Teatro
Lotação: 60 lugares
Classificação indicativa: Livre




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