SP Escola de Teatro

SP Escola de Teatro se despede de Paulo Faria, fundador do Pessoal do Faroeste

Faleceu hoje (17), aos 59 anos, o diretor teatral Paulo Faria, um dos fundadores da companhia teatral paulistana Pessoal do Faroeste e um dos grandes nomes da cena teatral brasileira. Atualmente, Paulo morava com seus cães e gatos em Mosqueiro, em Belém, Pará.

Natural de Belém, ele havia voltado a residir na cidade em 2022, após 33 anos trabalhando em São Paulo. Nos últimos tempos, ele colaborava com crônicas e notícias culturais no Blog Lúcio Flávio Pinto, de seu irmão, e escrevia romances.

Recentemente, havia adotado diversos animais abandonados, que trouxera da viagem de São Paulo a Belém.

Em maio deste ano, no 10º Seminário de Dramaturgia Amazônida, na Universidade Federal do Pará, ele foi o dramaturgo homenageado da edição.

O escritor, teatrólogo, diretor e encenador foi um dos fundadores da companhia Pessoal do Faroeste, em 1998, bastante atuante e premiada em São Paulo. Durante anos, manteve sua sede na região da Luz/Cracolândia, em São Paulo, produzindo arte e ativismo aos moradores da região e a toda a população.

Paulo e outros artistas cuidavam de projetos sociais à população vulnerável do bairro, mantendo a Sede Luz do Faroeste ao lado do espaço teatral e promovendo o famoso #SopãoDaLuz. Durante a pandemia da Covid-19, em 2020, manteve ativo seu trabalho #FomeZeroLuz, que distribuía cestas básicas às famílias em situação de vulnerabilidade social do entorno, apesar de sofrer com falta de doações e apoio do poder público.

Entre os importantes espetáculos da companhia, estiveram “Um Certo Faroeste Caboclo”, “A Mulher Macaco”, “Meio Dia do Fim”, “Homem Não Entra”, “O Assassinato do Presidente” e “Cine Camaleão – A Boca do Lixo”, com Mel Lisboa.

Ao longo dos anos, trabalhou continuamente com artistas como Thais Dias, Raphael Garcia, Leona Jhovs, Roberto Leite, Beto Magnani, Lorenna Mesquita, Thais Aguiar, Juliana Fagundes, Clodd Dias e Marilza Batista, dentre muitos outros.

Em 2014, a companhia recebeu o Prêmio Shell na categoria Inovação, pelo trabalho de ocupação e intervenção artística na região da Luz. Também, outros de seus trabalhos foram indicados ao Shell, CPT e Prêmio Governador do Estado de São Paulo.

Em 2019, Paulo Faria recebeu da Alesp o 23º Prêmio Santo Dias em Direitos Humanos, que presta homenagem a quem, de algum modo, luta pela validação dos direitos humanos no País.

Assista a alguns vídeos no canal do Pessoal do Faroeste.

Homenagem

“Com muito pesar, recebi a notícia da morte de Paulo. Ele era um trabalhador e um batalhador do teatro. Era um homem do teatro e além: na região da Luz, fazia um trabalho político. Tive o privilégio de trabalhar com ele e lamento muito essa perda”. – Guilherme Bonfanti, coordenador do curso de Iluminação da SP Escola de Teatro.

“É uma grande perda. Paulo era um cara abnegado, como poucos. Ele dedicou boa parte da sua vida ali à região da Luz, onde trabalhou com coragem, fazendo seu teatro. Ele, de maneira única, transformava o tecido social ao seu entorno”. –  Raul Barretto, coordenador do curso de Humor da SP Escola de Teatro.

“Acompanhei de perto o trabalho relevante que Paulo Faria, homem de teatro aguerrido e apaixonado, fez com sua companhia Pessoal do Faroeste na região da Luz conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo. Lá vi espetáculos emblemáticos como Luz Negra, com Mel Lisboa, Thais Dias, Raphael Garcia, Flávio Rodrigues, Leona Jhovs e Clodd Dias, em um dos elencos mais diversos e potentes que já vi em cena. A sede do grupo era um point de efervescência cultural em uma região largada pela cidade. Homem do Norte, ele deu relevância à produção artística dessa região tão excluída na maior metrópole do País. Foi um pioneiro em diversas pautas que depois ganharam o status quo. Foi um grande artista que fez a diferença e seguirá eternizado na História do Teatro Brasileiro”. – Miguel Arcanjo Prado, coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro.

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