SP Escola de Teatro

SP Escola de Teatro anuncia vencedores do Prêmio Solano Trindade para jovens dramaturgos negros do país

Os nomes dos três vencedores do Prêmio Solano Trindade foram divulgados nesta quinta-feira (20). Voltado ao reconhecimento do trabalho de jovens dramaturgos negros, a premiação é concedida pela SP Escola de Teatro, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap).

As peças vencedoras são: “Guerras Urbanas”, de Camila de Oliveira Farias, do Rio de Janeiro, “Como Criar para um Corpo Negro sem Órgãos?”, de Lucas Moura, de São Paulo, e “Medeia Homem”, de Robinson Oliveira, do Rio Grande do Sul.

Para a coordenadora de Dramaturgia da SP Escola de Teatro e presidenta do júri da premiação Marici Salomão, essa primeira edição do Solano Trindade já é um marco, “pela valorização de autoras e autores negros, algo que não conhecemos em forma de concursos, e também por ser uma plataforma de ampliação do que seja dramaturgia, do conhecimento de novos autores e de novos textos”.

Alem de Salomão, compuseram a comissão avaliadora a dramaturga e diretora Luh Maza e os jornalistas Rosane Borges e Miguel Arcanjo. Segundo Borges, o prêmio responde a uma demanda política atual de representatividade e reescrita das narrativas. Além de ser também ferramenta de “incremento de outras gramáticas estéticas, para que a gente possa ter olhares outros, corporalidade outras, subjetividade outras”.

O concurso recebeu inscrições de jovens estudantes de teatro de todo o Brasil, o que possibilitou ao júri ter acesso a um amplo conjunto de vozes nacionais, como destaca Miguel Arcanjo. “Mais do que nunca, é preciso dar voz e visibilidade a todos os matizes possíveis no teatro brasileiro. Nesse caso, o foco está em uma dramaturgia negra. O prêmio traz novas vozes aos palcos brasileiros, mostrando que todas as histórias têm múltiplos lados. A dramaturgia só é boa se for assim”, afirma Arcanjo.

O mesmo destaca Luh Maza, para quem a proposta da premiação serve também como estímulo a outros jovens negros autores. “Saúdo a chegada desse prêmio como uma plataforma de representatividade negra não somente pelos personagens e situações dramáticas, mas também por seus escritores-narradores que compartilham os saberes (e dúvidas) da vivência negra na contemporaneidade”, diz. “Que ampliemos mais e mais essa noção sobre a arte produzida por esses autores e através deles inspiremos muitos outros jovens negros a tomar posse de todos os espaços como a dramaturgia.”

Da esq. para dir., Marici Salomão, Rosane Borges Ueliton Alves, Miguel Arcanjo, Elen Londero e Luh Mazza. Foto: Bruno Galvincio/SP Escola de Teatro

PRÊMIO

A fim de traçar um panorama da nova produção dramatúrgica de jovens autores negros no Brasil, a SP Escola de Teatro, ligada à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado e gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), lançou em novembro de 2019 o Prêmio Solano Trindade (inscrições se encerraram em 20 de dezembro).

A premiação é uma homenagem ao ator, diretor, cineasta, escritor e militante pernambucano Francisco Solano Trindade (1908-1974), em cuja obra fez marcantes denúncias contra o racismo e o preconceito no Brasil.

“Essa premiação é muito especial pois homenageia a figura importante para o teatro nacional e paulistano, um homem negro, que é Solano Trindade”, frisa o bibliotecário da SP Escola de Teatro, Ueliton Alves, responsável pela comissão de heteroidentificação do concurso. “E também é importante pelo fato de se publicar um livro como premiação, num cenário como o do Brasil, em que publicação é algo tão difícil. E negros publicarem suas narrativas em livro é extremamente simbólico, uma vez que temos aí para pessoas que tiveram durante muito tempo o reconhecimento de suas histórias negadas”.

SUPLENTES POR ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO:

1. “3×4”, de Amora Tito (Minas Gerais)
2. “Quando Anoitece”, de Le Ticia Conde (São Paulo)
3. “João, O Cândido”, de Suelen Casticini (Rio de Janeiro)

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