SP Escola de Teatro

Série Teatro de Grupo em São Paulo: conheça a Companhia do Miolo

A Cia do Miolo foi criada em 2003, data que coincide com a estreia de sua primeira peça, O Burguês Fidaldo, que foi dirigida por Bete Dorgam. O espaço onde se desenrolou as cenas, Kombi-palco criada por Petrônio Nascimento, é revelador da característica do grupo de abusar da multiplicidade de cenários que fogem ao convencional.

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Sempre buscando investigar o ambiente urbano que os circunda, a companhia produziu montagens como Ao Largo da Memória (2005), direção de Alexandre Krug; Taiô (2010), dramaturgia de Jé Oliveira; e Em Caso de Emergência Quebre o Vidro!, texto de Solange Dias, que foi encenada na encruzilhada Terminal Bandeira, Anhangabaú e Ladeira da Memória. Foi somente em 2015 que a Cia. do Miolo foi se apresentar em um espaço fechado pela primeira vez, num antigo prostíbulo doméstico, com o espetáculo Casa de Tolerância, dirigido por Patrícia Gifford.

Para os artistas o contato com a rua é fundamental e dá base para grande parte de suas experiências. Nesse sentido, eles explicam como é importante a relação com elementos estéticos diversos como a música popular, a palhaçaria, e até mesmo as pessoas que transitam neste ambiente:

“Os ambulantes e seus modos de operar nas ruas, entre gambiarras e cores, constroem todo um repertório próprio de corpo e dramaturgia forjados da vivência com a rua. Da rua surge o elemento de jogo fundamental em nossas composições gestadas das errâncias de inspiração situacionista, assim como a influência do teatro épico que perpassa todo o nosso repertório”.

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A Cia tem o espaço urbano como seu principal dispositivo provocador estético e político, portanto, muitos de seus trabalhos são mapeados de acordo com essa relação. Em seu processo criativo, tal aspecto é predominante, de maneira que sua pesquisa cênica se desenha a partir de um mergulho na história da cidade. No depoimento, o grupo enfatiza como isso se dá:

“Nossas dramaturgias estão intrinsecamente ligadas à vida das ruas, às personagens que constituem São Paulo: os sobreviventes do metrô, as pipas da periferia, os recicladores, as prostitutas, os pedintes. São esses seres que compõem nossas cenas”.

Série Teatro de Grupo em São Paulo: conheça a Cia. Estúdio Lusco-Fusco

Pensando nisso, durante o desenvolvimento de suas montagens, a companhia busca estudar o corpo para a rua e com a rua, em um treinamento focado no corpo em jogo, numa palavra ou personagens que permitam promover um encontro mais profundo com a comunidade urbana. Tal interesse transparece na concepção dos experimentos cênicos como um todo, inclusive nos textos dramáticos:

“A dramaturgia de nossos espetáculos emergiu de muita pesquisa com o espaço público, da investigação de uma poética que fosse disruptiva ao fluxo cotidiano da cidade”.

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