RODRIGO BARROS
Com as medidas de distanciamento social por conta do pandemia da covid-19, a SP Escola de Teatro buscou novas formas de ensino, com aulas a distância no curso técnico.
Conversamos com Raul Teixeira, coordenador de Sonoplastia, para partilhar como vendo sendo a nova rotina. Ele afirma que as atividades continuam rendendo, artistas foram convidados para dar aulas e que pequenas adaptações foram feitas. Confira abaixo:
SP ESCOLA DE TEATRO – Como tem sido a prática de aula da Sonoplastia?
RAUL TEIXEIRA – No Módulo Verde (Manhã) temos mantido nossos encontros às segundas a partir das 10h e alguns estudantes têm acompanhado as aulas no período do Módulo Azul (Tarde) também. No início propus uma carga horária diferente do que seria o presencial, pois como estamos confinados e toda a relação de trabalho e de convivência passa pela tela do computador, é muito mais desgastante. Na medida do possível os estudantes puderam entregar alguns trabalhos propostos. Além de práticas de consciência corporal e respiração, que acontecem sempre no início das aulas. Também tivemos a presença de alguns artistas convidados como, Eleni Vosniadou, Fernando Sampaio e Dani Nega.
Foi proposto no 1º plano de trabalho online, a entrega de 4 trabalhos de acordo com os conteúdos apresentados. No entanto, de acordo com questões e dificuldades que foram surgindo, fomos ajustando. Já a linha de estudos no Módulo Azul, desde o início do isolamento social sugeriu práticas online, através de aulas e dinâmicas de grupos por videoconferência, utilizando a plataforma Zoom.
Em um primeiro momento focamos em conhecer as ferramentas e suas possibilidades, agora já estamos em uma fase de produção e trocas artísticas. Aulas online não se comparam com aulas presenciais, desta forma decidimos focar no que as ferramentas online podem oferecer de melhor. Nas videoconferências encontramos modos de trabalho em conjunto, onde cada um pode exibir seu projeto sonoro e tanto o professor quanto os colegas podem contribuir ativamente neste projeto. Além disso temos a possibilidade de formarmos grupos separados de trabalho, discussão e reflexão dentro de uma mesma videoconferência, fazendo com que o meio virtual, que tende a ser muito dispersivo, torne-se mais dinâmico e interessante.
Sabendo que o acesso a internet muitas vezes pode ser um empecilho para a participação das atividades, todas as aulas e dinâmicas são gravadas e disponibilizadas em um canal no YouTube para que os alunos possam acessar a qualquer momento. Todo o conteúdo de aulas e materiais de leitura também são armazenados em um drive virtual.
SP ESCOLA DE TEATRO – Como os alunos reagiram?
RAUL TEIXEIRA – Percebo que existe interesse, empenho e força de vontade dos estudantes do Módulo Verde em participar e realizar as atividades propostas. Também por ser um espaço onde podem rever os colegas e deixar vivo o impulso criativo. No entanto, a essa altura (fim de abril) percebo também certo desânimo e não comparecimento por parte da turma. Ou seja, temos metade da turma empenhada e envolvida, mesmo com dificuldades que foram se apresentando no decorrer do tempo. Assim que fomos surpreendidos por esta situação crítica de saúde pública, que obrigou a encontrarmos formas de mantermos conectados, os alunos do Módulo Azul foram extremamente compreensivos e participativos. De fato, não é uma situação ideal de aula, mas as sugestões e anseios que vieram dos alunos foi fundamental para que pudéssemos estabelecer uma troca de experiências a distância.
SP ESCOLA DE TEATRO – Como estão produzindo?
RAUL TEIXEIRA – Estamos na medida do possível trabalhando em grupo e mantendo os mesmos núcleos. Cada núcleo se ajustou às condições e tem feito encontros virtuais para discutir textos e materiais propostos nas aulas. Alguns estudantes escolheram trabalhar sozinhos. Então reorganizei a turma de acordo com as questões apresentadas e necessidades de cada um, mas com o objetivo de manter os núcleos, não só pela proposta pedagógica, mas por entender que funcionam mini grupos de apoio, emocionalmente falando.
No Módulo Azul aulas por videoconferência acontecem uma vez por semana. Escolhemos um software de produção musical (Ableton Live) para estudarmos a fundo e desta forma desenvolvemos uma linguagem em comum. Para além disso, mantivemos o tema deste semestre (Elogio ao amor) como um norte inspirador para as criações musicais e sonoras. Além disso mantemos contato constantemente pelo grupo de WhatsApp para troca de materiais e combinados relacionados às aulas.
CULTURA EM CASA
Assim como outros equipamentos, a SP Escola de Teatro criou uma programação especial na internet para oferecer ao seus seguidores. Assim, está disponível uma série de conteúdos multimídia, como vídeos de espetáculos e de palestras e bate-papos de nomes como as atrizes Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg e Denise Fraga, a monja Coen, a escritora Adélia Prado e o pastor Henrique Vieira, além de cursos gratuitos a distância.
O acervo ainda inclui filmes produzidos pela Escola Livre de Audiovisual (ELA) – iniciativa da Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), gestora da SP Escola de Teatro – em parceria com instituições internacionais, com a Universidade das Artes de Estocolmo (Suécia).