SP Escola de Teatro

Musical “Bertoleza”, da Gargarejo Cia Teatral, volta em cartaz gratuitamente no Teatro Arthur Azevedo

Cena do musical "Bertoleza": obra se inspira em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, e tem temporada no Teatro Arthur Azevedo.

Cena do musical “Bertoleza”: obra se inspira em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, e tem temporada no Teatro Arthur Azevedo. | Foto: Joaquim Araújo

Com novo elenco, o premiado musical “Bertoleza”, da Gargarejo Cia Teatral, faz temporada gratuita no Teatro Arthur Azevedo. Com direção e músicas de Anderson Claudir, a adaptação inverte o protagonismo na obra “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, e é estrelada por Lu Campos. Se na obra realista-naturalista o protagonista era João Romão, agora o foco recai sobre Bertoleza, mulher negra.

A nova temporada acontece entre os dias 29 de junho e 9 de julho, de quinta a sábado, às 21h, e, aos domingos, às 19h. Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados na bilheteria com uma hora de antecedência. Todas as sessões aos domingos têm intérpretes de Libras.

O espetáculo ganhou os palcos paulistanos em 2020 e já conquistou público e crítica, em sessões sempre lotadas. “Bertoleza” recebeu o prêmio APCA de Melhor Espetáculo naquele mesmo ano.

Na trama, o oportunista Romão propõe uma sociedade à escrava Bertoleza, prometendo comprar a alforria dela. Eles começam uma vida juntos e constroem um pequeno patrimônio formado por um enorme cortiço, um armazém e uma pedreira. Depois de acumular capital considerável, o ambicioso João Romão já não sabe como se tornar mais rico e poderoso. Envenenado pelo invejoso Botelho, ele decide se casar com Zulmira, a filha de Miranda, um negociante português recentemente agraciado com o título de barão. Mas, para isso, precisa se livrar da amante Bertoleza, que trabalha de sol a sol para lutar pelo patrimônio que eles construíram juntos.

Para a companhia, o grande desafio foi fazer com que uma narrativa do século 19 questionasse e problematizasse as relações criadas nos dias de hoje. Por isso, o projeto iniciado em 2015 foi ganhando novos contornos. “Quisemos investigar uma identidade brasileira, que vem da diáspora africana, e pensar em como isso nos afeta artisticamente. Assim, podemos criar novos signos para essa geração e dar uma voz para essa terra periférica”, conta Claudir.

No processo, o coletivo procurou a força da figura de Bertoleza em outras mulheres negras brasileiras negligenciadas pela História. Durante a encenação, o elenco relembra as histórias da vereadora Marielle Franco, militante da luta negra assassinada em março de 2018; da escritora Carolina Maria de Jesus, famosa pelo livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”; da jornalista e professora Antonieta de Barros, defensora da emancipação feminina que foi apagada dos livros de História; da escritora Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista brasileira; e da guerreira Dandara, que viveu e lutou no período colonial.

A protagonista do espetáculo é interpretada pela atriz Lu Campos. O elenco fica completo com Ali Baraúna (Botelho), Taciana Bastos (Zulmira), Roma Oliveira (João Romão), com os integrantes do coro Thiago Mota, Cainã Naira, Larissa Noel, Palomaris, Edson Teles e Welton Santos.

A direção musical é assinada por Eric Jorge, a direção de movimento, por Emílio Rogê, que contou com Taciana Bastos como coreógrafa associada; a preparação vocal, por Juliana Manczyk; e a preparação de elenco, por Eduardo Silva.

O projeto foi contemplado com o Edital de Apoio A Projetos Culturais de Múltiplas Linguagens para a cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura.

Palestras

Além das apresentações, acontecerão atividades extras para o público:

– Palestra “O processo de adaptação” – 29/6 e 6/7, às quintas, após o espetáculo. O diretor e dramaturgo do espetáculo Anderson Claudir aborda como se deu o processo de composição das músicas e adaptação da obra “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo.

– Palestra “As mulheres de Bertoleza” – 30/6,1º/7 e 2/7, após o espetáculo. O elenco feminino irá conversar com o público sobre as suas personagens e as personalidades discutidas na peça: Antonieta de Barros, Carolina Maria de Jesus, Maria Firmino dos Reis e Marielle Franco.

– Rodas de conversa – 7/7, 8/7 e 9/7, após o espetáculo. O diretor e dramaturgo do espetáculo Anderson Claudir, junto ao elenco, irá promover uma conversa sobre a montagem. E o público será convidado a fazer questões sobre o processo e a obra.

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Serviço

“Bertoleza”, da Gargarejo Cia Teatral
Teatro Arthur Azevedo – Avenida Paes de Barros, 955 – Mooca
Temporada: 29 de junho a 9 de julho, de quinta a sábado, às 21h, e, aos domingos, às 19h
Ingresso: gratuito | Retirada na bilheteria com 1 hora de antecedência
Duração: 90 minutos
Recomendação etária: 12 anos
Acessibilidade: o espaço possui acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida | Todas as sessões aos domingos têm intérpretes de Libras.

Ficha técnica

Direção, adaptação, letras e assistência de produção: Anderson Claudir
Dramaturgia final: Anderson Claudir e Letícia Conde
Direção musical: Eric Jorge
Direção de movimento e coreografia: Emílio Rogê
Músicas: Anderson Claudir, Andréia Manczyk, Eric Jorge e Juliana Manczyk
Preparação vocal: Juliana Manczyk
Design de som: Sound Design Labsom
Preparador de elenco: Eduardo Silva
Coreógrafa associada: Taciana Bastos
Cenografia e figurino: Dani Oliveira
Assistente de cenografia e figurino: Gabriela Moreira
Visagista: Victor Paula
Iluminação: Andressa Pacheco
Projeção: Aline Almeida
Técnico de palco: Leonardo Barbosa
Elenco: Lu Campos, Ali Baraúna, Taciana Bastos, Roma Oliveira, Cainã Naira, Larissa Noel, Palomaris, Edson Teles, Thiago Mota e Welton Santos
Direção de produção: Andréia Manczyk
Assessoria de imprensa: Agência Fática – Bruno Motta Mello e Verô Domingues

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