“Sabe que o show de todo artista tem que continuar…” O verso emblemático cantado por Elis Regina na canção O Bêbado e a Equilibrista, de Aldir Blanc e João Bosco, parece prever de forma surpreendente o atual momento da cultura brasileira. Isso pôde ser observado na primeira edição da Mostra Aldir Blanc na SP Escola de Teatro, realizada em maio último. O evento conquistou cerca de 1.000 espectadores de todos os Estados do País com 12 espetáculos das cinco regiões brasileiras que foram analisados por 12 comunicadores digitais convidados.
Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro, comemora o fenômeno que é o Teatro Digital. “Precisamos celebrar o poder dessa nova linguagem pioneira dos artistas brasileiros e que se tornou uma potência teatral no mundo. Em nenhum outro lugar o Teatro Digital tem essa força como no Brasil”, pontua. Cabral celebra como conquista a quebra de barreiras geográficas. “A Mostra Aldir Blanc na SP comprova que o Teatro Digital nos faz chegar a novos públicos e mostra que ele veio para ficar. Nós descobrimos novas coisas e não podemos deixar de nos comunicar com esse novo mundo que o digital nos mostrou”, afirma. “Também foi importante o diálogo que a Mostra fez com pensadores e comunicadores dessa nova geração digital, que registraram a importância histórica do momento”, complementa Ivam Cabral.
O evento celebrou diversos temas como: racismo, questões de gênero, sexualidade, preservação da Amazônia, romance e drama. Passando pelos mais variados formatos teatrais, como musical, épico, interativo, comédia e drama, todos em diálogo com o digital.
Os espetáculos convidados foram ELAS – Coletivo Caracóis (SP), Turmalina 18-50 – Cia Cerne (RJ), Afluentes Acreanas – Associação Teatro Candeeiro (AC), Disque Q para Queer – Teatro da Margem (RN), Exóticos – de Túlio Paniago (MT), Diálogos – de Bruno Narchi (SP), Pink Star – Cia de Teatro Os Satyros (SP), O Inferno É um Espelho da Borda Laranja – de Wander B. (SP), Pânico Vaginal – Romã Atômica (SP), Tormento – Clotilde Produções (SP), Sinhá Não Dorme – de Roberta Valente (RJ) e Psicose 4:48 – Cia Stavis-Damaceno (PR).
A cada apresentação ou texto analítico, apresentou-se ao público não só uma dramaturgia ou reflexão estética, mas, sobretudo, um diálogo profundo com o atual momento histórico por conta da pandemia e da delicada situação política brasileira. Tudo isso reverberou não só nas peças, como nos bate-papos e Mesas de Discussão que integraram a programação.
A Mostra homenageou o grande poeta da música popular brasileira, Aldir Blanc (1946-2020), e foi aberta no dia em que se completou um ano de sua morte. O artista deu nome à lei de incentivo à cultura que foi alento e respiro para a classe artística em tão sombrio período e cuja importância foi evidenciada em cada apresentação.
“A Mostra Aldir Blanc na SP Escola de Teatro provou que o Teatro Digital mostrou-se uma importante ferramenta para unir público e artistas de todo o Brasil (e, por que não?, do mundo), em encenações criativas, vigorosas e com temáticas altamente necessárias de serem discutidas pela sociedade”, afirma Miguel Arcanjo Prado, coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro e responsável pela curadoria, que contou com co-curadoria e produção de Rodrigo Barros, co-curadoria de Marcio Tito, além de comunicação a cargo de Luiza Camargo e assessoria de imprensa por Leandro Lel Lima, além de assistência administrativa de Margarete de Lara.