Um dos maiores teatrólogos do Brasil é, sem dúvida, Augusto Boal. O fundador do “Teatro do Oprimido” – técnica que o consagrou mundialmente – tem inúmeras peças escritas em parceria com Gianfrancesco Guarnieri nos tempos de Teatro de Arena e que são encenadas até os dias de hoje. Outras, como “Revolução na América do Sul”, marcaram o panorama dos palcos brasileiros nos anos 1960.
Agora, um livro que reúne peças exclusivamente de Boal acaba de sair, com 14 textos, sendo oito completamente inéditas.
“Texto Reunido”, da Editora 34, reúne textos escritos em momentos diferentes da vida do artista. O livro traz, por exemplo, dramaturgias de um Boal jovem, na década de 1950, quando ele passou uma temporada em Nova York com John Gassner – mestre de Tennessee Williams e Arthur Miller – e em parceria com Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento.
Com apresentação da doutora e pesquisadora em teatro Iná Camargo Costa, o livro tem 752 páginas e pode ser adquirido no site da Editora 34, neste link.
Sobre Augusto Boal, fundador do Teatro do Oprimido
Nascido em 1931, no bairro da Penha, no Rio de Janeiro. Filho de uma dona de casa e um padeiro, Augusto Boal começou a dirigir peças desde sua infância, como uma brincadeira infantil.
Quando estudava Engenharia Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), se aproximou de Nelson Rodrigues e foi submetido a suas críticas com os textos curtos, inspirados em situações vividas no cotidiano do seu bairro, como: “Maria Conga”, “Histórias do meu bairro” e “Martin Pescador”.
Contudo, apenas quando se tornou próximo de Abdias Nascimento que Augusto Boal iniciou sua trajetória como dramaturgo, escrevendo peças para o Teatro Experimental do Negro (TEN).
Após formado, integrou um grupo de dramaturgos, Writers’ Group, no Brooklyn em Nova Iorque. Lá, ele encenou duas peças autorais: “The house across the street” e “The horse and the saint”.
Quando voltou para o Brasil, em 1956, estreou como diretor artístico no Teatro de Arena de São Paulo. Neste espaço, ele cria o Seminário de Dramaturgia, um espaço que inicia o debate sobre a dramaturgia intrinsecamente brasileira e latino-americana.
Ao lado de Guarnieri, ele estreou diversos textos como: “Arena conta Zumbi”, “Tempo de Guerra”, “Arena conta Tiradentes”, entre outros. Durante esse período, sua pesquisa sobre temáticas sociais e políticas fez com que ele criasse a metodologia do Teatro do Oprimido. Neste, há a intenção de transformar o espectador em sujeito atuante, quebrando, assim, a quarta parede, podendo modificar a ação dramática que lhe é apresentada de forma que quem assiste passe a protagonizar a encenação.