Rodolfo García Vázquez, coordenador de direção da SP Escola de Teatro, publicou o ensaio The Decolonial Directing Approach (A abordagem Decolonial na Direção, tradução livre) no livro Looking for direction : rethinking theatre directing practices and pedagogies in the 21st century (Um Olhar para a direção: repensando as práticas e pedagogias de direção teatral no século XXI), que será lançado oficialmente nesta semana no Theatertreffen, maior festival de teatro em língua alemã do mundo, sediado em Berlim.
A obra reúne textos de 17 professores e diretores de teatro que repensaram o ofício sob a luz do século XXI, assim como seus consequentes desafios e inovações. Nessa conjuntura, foram apresentadas novas linguagens, abordagens e pensamentos alinhados com as necessidades do momento atual, mas sem abandonar tradições ainda imprescindíveis para o trabalho de diretor.
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O livro é resultado das pesquisas e investigações realizadas pelo projeto de intercâmbio Alexandria Nova, do programa Erasmus, que a instituição integra desde 2019. Nele, estudantes brasileiros de direção da SP Escola de Teatro se reúnem em encontros virtuais e presenciais com artistas, alunos e professores de faculdades da Alemanha, Lituânia, Islândia, Noruega, Suécia e Finlândia. A escola brasileira é a única instituição de fora da Europa no mundo a ser convidada.
Em seu artigo, Rodolfo rememora a formação do Satyros em 1989, cia. teatral fundada por ele e Ivam Cabral, diretor executivo da SP. Desde seu início a companhia trabalha com populações marginalizadas, como pessoas trans e ex-presidiários, tanto no elenco como na parte técnica de suas produções. Tal característica é uma marca registrada do coletivo, cuja atuação também foi fundamental na revitalização da Praça Roosevelt.
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Dentre temas diversos, o diretor traz um panorama do teatro paulistano e de importantes expoentes da arte na cidade, como Gianfrancesco Guarnieri e Augosto Boal no Teatro de Arena e Zé Celso e Renato Borghi no Teatro Oficina. Além disso, apresenta sua abordagem sobre teatro decolonial, baseada na prática e teoria aplicada ao longo dos seus últimos 33 anos de trabalho no Satyros.
“No texto, discuti o que é decoloniedade e porque ela é importante para o pensamento sobre direção teatral na atualidade. A partir disso, discuti questões de gênero, raça, classe social e a relação entre colonizador e colonizado, assim como empoderamento de grupos vulneráveis no processo criativo teatral, que fazemos desde o início do Satyros”, comenta Rodolfo.
O tema também é a base de estudo do artista em seu doutorado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
Nesta semana, Rodolfo, Ivam e os estudantes de direção da SP Escola de Teatro, Mauro Gil e Dennis Zapater, participam, em Berlim, de workshops, palestras e apresentações no Theatreffen, assim como estarão presentes na cerimônia de encerramento do projeto Alexandria Nova-2019/2022.
Confira o texto na íntegra AQUI