SP Escola de Teatro

Dani Biancardi e o Riso como Cultura

 

Daniela Biancardi (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

Uma pesquisa da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, revelou que o ato de rir é um dos sinais sociais mais honestos porque é difícil de ser fingido; ele é um sinalizador com a função de destacar a compreensão de interação amigável entre duas pessoas; e uma maneira de fazer amigos e de deixar claro quem pertence a quais posições na hierarquia do status social.

 

O riso é cultura. É tradição. É parte integrante e fundamental na formação de uma comunidade ou de um grupo social, de pequeno ao grande porte. Talvez, na infância, Dani Biancardi, formadora do curso de Humor da SP Escola de Teatro – Centro de Formação, nem tivesse ideia do poder do riso na cultura e na sociedade, mas, estimulada por sua mãe a se envolver em projetos artísticos para superar a perda do pai, levou a ideia a sério e se tornou palhaça cênica profissional e referência quando o assunto é humor para crianças e jovens de comunidades sem acesso à cultura. 
 
 

Hoje, aos 36 anos, Dani vive do riso e da cultura e costuma dizer que não pratica o humor banal e superficial, “da graça pela graça”, e vê o palhaço como uma figura que nasce de uma urgência social, cultural e humana. “O palhaço é um agente provocador, que instiga as pessoas a pensar em uma sociedade diferente”, explica.

 

Dani já integrou a trupe Palhaços sem Fronteiras, ONG internacional que leva apresentações cômicas a zonas de conflito e exclusão, viajou pela África do Sul e Lesoto, onde trabalhou em aldeias com crianças portadoras de HIV e, por fazer do seu trabalho uma ação social, é finalista na categoria Cultura do Prêmio Cláudia 2011.

 

A formadora conta que, durante suas viagens, percebeu que a maioria das crianças nunca havia visto um espetáculo, muito menos um palhaço. “Não era fácil para elas nem para mim. Então, procuramos alguma coisa para rir e brincar juntos”, relata.

 

Dani também levou toda esta experiência para sua terra natal e, por três anos, atuou com jovens de baixa renda no programa Teatro Vocacional, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Ainda no Brasil, participou de vários projetos do Sesc e do Instituto Vivo, no qual ministrou oficinas de humor e teatro na periferia de cidades do norte do País.

 

“Em princípio, me questionei se ser uma das finalistas deste concurso responderia por tudo que realizei. Então, pensei em compartilhar com quem já passou por minha vida e percebi que seria uma oportunidade de reconhecer uma série de parceiros. Alguns profissionais da classe consideram o prêmio superficial. Na minha opinião, ele é honesto, digno e necessário”, completa Dani.

 

O Prêmio

 

Organizado desde 1996 pela revista Cláudia, publicada pela editora Abril, o prêmio tem o objetivo de homenagear mulheres que se destacam tanto pela trajetória profissional quanto por iniciativas que transformem nossa realidade e ajudem outras pessoas. A premiação já consagrou 75 mulheres, entre elas Fernanda Montenegro, Mayana Zatz, Luiza Helena Trajano e Nicette Bruno.

 

Uma coincidência: Patrícia Negrão, aprendiz de Dramaturgia da SP Escola de Teatro, é coordenadora de conteúdo do prêmio há 12 anos. A jornalista é responsável por fazer a pré-seleção dos convidados. Ela recebe 250 indicações de nomes de todas as cinco categorias – Ciência, Cultura, Negócios, Políticas Públicas e Trabalhos Sociais –, pesquisa sobre todos eles e elege dez de cada área, que, depois de uma etapa de seleção feita pela comissão julgadora da revista, se transformam em três para disputar a final. Depois, viaja o País entrevistando cada uma das 15 finalistas.

 

Patrícia afirma que ficou muito surpresa ao ler o nome de Dani. “Quando fiquei sabendo que teria que entrevistá-la, falei que seria fácil, pois a vejo quase todos os dias nos corredores da Escola”, lembra Patrícia.

 

Mesmo que uma fase ainda separe Dani de levar o prêmio para casa, Patrícia declara que ela já deve se considerar uma vitoriosa. “Todas as concorrentes já são homenageadas por estar entre as escolhidas. O mais importante é divulgar essas mulheres, que trabalham com muitas dificuldades, mas têm muita garra.”

 

A votação do Prêmio é popular e pode ser feita via internet ou por sms. Acesse aqui e saiba mais  

Texto: Renata Forato

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