No último final de semana, 4 e 5 de novembro, a bailarina, coreógrafa e educadora Fernanda Amaral, parceira da SP Escola de Teatro em projetos de dança, apresentou na sede Roosevelt da SP Escola de Teatro o espetáculo Ciranda de Retina e Cristalino, da Cia Dança sem Fronteiras.
Desenvolvido durante a pandemia em 2020 e 2021, o número apresenta diversos personagens, incluindo a Retina, mulher com baixa visão que baila atrás de sua janela; Cristalino, jovem com baixa visão que se equilibra fazendo malabarismos na penumbra com sua bengala verde e sua roda iluminada; Cecília, jovem que baila com seu olho roda com grandes cílios; Iris e Corneia, dançarinas com duas faces, que dançam e refletem suas imagens em um grande espelho e Desfocado, que dança com sua pequena roda em sua cadeira de rodas. Todos ficam isolados em seus círculos, mas conectados por suas narrativas corporais que às vezes se unem em uma só coreografia formada por diversos corpos e olhares que os levam a uma grande ciranda da memória.
Em Ciranda de Retina e Cristalino as composições coreográficas são cuidadosamente desenhadas com os corpos dos bailarinos e suas características únicas, juntamente com a trilha e a iluminação, que têm um papel fundamental no desenho das cenas, delimitando espaços e diálogos com movimentações diversas. O olhar, o ver, o não ver e o olho em si foram temas de pesquisa para a criação, assim como as vivências dos integrantes da Cia em seus processos diários de mudanças e adaptações nestes tempos de afastamento social e encontros através de telas. Outro elemento poético na obra é o círculo, como diz a letra da canção composta por Fernanda Amaral e Wagner Dias, responsável pela música: a montagem “Foca e descoca, provoca um novo olhar em uma só virada, do mundo que gira, gira e dá voltas lembrando da Ciranda sem fim”.
Fernanda Amaral, a idealizadora do projeto, possui 30 anos de experiência em dança e teatro e tem vários títulos e prêmios internacionais na área, como Bonnie Bird 2009 pelo Centro Laban em Londres, Arts Council, Lisa Ulman, entre outros. Em 1993 fundou a companhia de Dança-Teatro Patuá Dance, no País de Gales, que trabalhava com a comunidade criando performances de dança e dança-teatro. Nela realizou inúmeras apresentações em festivais europeus, na televisão, no Brasil e na Europa. Em 2005, criou o Patuá DanceAbility, com bailarinos com e sem deficiência realizando residências e espetáculos no Reino Unido.
Confira como foi a apresentação:
Fotos: Edson Rocha