Todas as sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h, até o dia 31 de julho, o espetáculo A Golondrina estará em cartaz no Teatro Fernando Torres, localizado no Tatuapé, zona leste paulistana. A narrativa é inspirada no ataque terrorista homofóbico ao Bar Pulse que aconteceu em Orlando, nos Estados Unidos, em 2016, e deixou 49 vítimas. Dentre diversos assuntos, a história tematiza os limites do preconceito, ódio e insensatez humana. Os ingressos podem ser adquiridos pelo sympla do evento ou diretamente na bilheteria física.
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Agora apresentada no Brasil, A Golondrina já havia passado pelos palcos da Espanha, Grécia, Porto Rico, Peru, Uruguai, Inglaterra, entres outros países. Escrita pelo autor argentino Guillem Clua, a dramaturgia foi vencedora de prêmios importantes como o MAX 2019, o Off West End London Theater Award 2017, em Londres, e o Queer Theater 2018, em Atenas. Para o diretor da versão nacional da montagem, Gabriel Fontes Paiva, Guillem é um dos dramaturgos mais influentes da atualidade e, nesse texto, seu trabalho transborda uma originalidade que toca e emociona o público:
“Ele me impressionou muito porque tem uma escrita eficiente, objetiva e surpreendente; consegue prender a atenção o tempo todo com maestria. Fiquei muito feliz com o convite dos produtores Ronaldo Diaféria, Tania Bondezan e Odilon Wagner para dirigir essa peça maravilhosa. Tania é uma atriz intensa, madura, cheia de talentos e Luciano é um ator extremamente sensível e dedicado”.
Tania interpreta uma das protagonistas do espetáculo, Amélia, uma professora de canto que foi uma das sobreviventes desse trágico ataque homofóbico ao bar. A artista é vencedora do prêmio Shell 2019 por sua atuação na peça e também é tradutora do texto. Em seu depoimento à imprensa, ela explica como têm sido a experiência de construir esse projeto:
” A obra me encantou de tal maneira que, enquanto lia o texto pela primeira vez, parecia que aquelas palavras cabiam na minha boca, como se eu tivesse vivido tudo aquilo. Foi amor à primeira vista. Minha personagem Amélia, que, por coincidência, é o nome da minha mãe, é uma mulher severa e sofrida, sobrevivente de uma tragédia. A vida foi mais generosa comigo, mas somos ambas mães que amam e protegem suas crias, que tentam acertar e carregam culpa o tempo todo, o que nos aproxima. Representá-la é um exercício de mergulhar nas minhas emoções”.
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A atriz comenta que o texto é muito respeitado no cenário internacional e busca dialogar bastante com a contemporaneidade, trazendo temas frequentemente pautados na sociedade atual, como diversidade, aceitação e liberdade. Para o ator Luciano Andrey, o mote do espetáculo também é muito geral, passível de atingir múltiplas realidades:
“Essa história poderia se passar em qualquer grande cidade do mundo. Os temas que ele trata – sem maniqueísmos – são absolutamente pertinentes ao momento atual. Expõe o ponto de vista completamente distinto de dois personagens sobre determinado fato, mas sem julgamentos. Ambos têm razão em suas questões. Ao invés de assumir a posição de um deles, o autor propõe uma reflexão sobre a nossa capacidade de se colocar no lugar do outro e sermos empáticos, que acredito ser a chave para as mazelas humanas”.