Sergio Zlotnic é pesquisador do Campo das Artes. Psicanalista, é pós-doutor pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Professor convidado da SP Escola de Teatro, em cursos de reflexão sobre Freud e as Artes Cênicas. Assina coluna no nosso site, desde 2012, na qual aborda os diálogos entre psicanálise e teatro.
Leia outros textos da coluna:
>> REVOLTAЯ
Na nova montagem da Cia Livre, “REVOLTAЯ”, esse mote de Freud parece examinado à exaustão! E o que se vê no palco é um exercício de potência teatral.
>> Carpas na banheira (de Loeb)
Escritora e psicanalista, Sylvia Loeb acaba de lançar seu quarto livro, “Homens”, obra em que ela reafirma as qualidades de incansável tradutora do cotidiano.
>> Antígona Beltrão – Heresias no palco
Andrea Beltrão se despe em cena, ao encarnar Antígona. Ligeira e carioca, se põe transparente – e, mesmo assim, ou por isso, dá conta da espessura da tragédia grega.
>> A cena desidratada
Na MIT 2017, no Sesc Pinheiros, Susanne Kennedy apresentou a sua transposição para o teatro do filme de Fassbinder e Fengler, de 1970: “Por que o Sr R. enlouqueceu?”. O resultado é notável!
>> Clichê e linguagem
Um nome com chances de eleição nem sempre supôs, infelizmente, ter projetos e ideias de governo. Entretanto, essa desidratação do pensamento, incrementou-se nos dias que correm. Ou não?
>> Teatro, cidade, memória
Quando o campo das artes dialoga com a cidade, em tempos bicudos como o que vivemos, o resultado pode ser reflexão relevante.
>> A força e a forma!
“Anatomia do Fauno” é poderoso teatro dirigido por Marcelo D’Avilla e Marcelo Denny.
>> O Evangelho segundo Maria
“O Testamento de Maria” trata da inquietante oposição entre História Oficial versus História Extraoficial. De nossas poltronas, testemunhamos o desenho de um mito em estado nascente.
>> Inventa um cais!
Em 1973, perguntei a Alberto Guzik quem era, para ele, a grande atriz brasileira. Ele citou duas artistas: Myriam Muniz (1931 – 2004) e Marília Pêra (1943 – 2015).
>> A máscara há de ser pele!
O sertão há de virar mar… O filme de Polanski, “A pele de Vênus” (2013), é – em muitos sentidos –uma aula de atuação.
>> “Cipis transworld art, industry & commerce”
O volume 22 da coleção Artistas da USP chegou ao mercado. Trata-se de uma coletânea formidável de uma boa parte das duas primeiras décadas dos trabalhos do artista plástico brasileiro Marcelo Cipis.
>> O teatro começa antes do teatro!
Em maio de 2014, assisti a “Um espetáculo absoluto”, da Companhia Sr João, no espaço da Companhia do Feijão.
>> Eu cão eu
“Se, na minha exclusão, tantas passagens me são vetadas, eu caminho ali no desafio, na beira do abismo, onde você não sobreviveria”, disse o andarilho. E completou: “Nada, nada! Não tenho nada a perder”!
>> Língua no divã e língua no palco
A psicanálise se insinua como um espaço-promessa, fonte de respostas, mesmo que o psicanalista não se disponha a responder, mesmo que ele saiba que o próprio sujeito que interroga é aquele que se responderá.
>> CIC[ATRIZ]!
Maria Alice Vergueiro põe novamente o seu corpo a serviço de Dionísio, em “Why the horse” e reafirma o Teatro como rito sacro-profano.
>> A cara e o rosto
Ao contrário da pintura, que põe camadas de tinta sobre uma tela branca, a escultura tira da pedra bruta os excessos, para que a figura que repousa sob a massa amorfa apareça e ganhe vida.
>> Anamnese
“Bom teatro é teatro simples e necessita de concretude, metáfora e alteridade”, disse Mauricio Paroni de Castro.
>> É preciso emburrecer…
Não há calor nem engano numa tela de computador. A máquina não tem alma. Eis por que a tecnologia é de uma objetividade desumana.
>> Criar é matar a morte
Um espetáculo de teatro é algo que se dissolve e se consome, em ato, conforme a máxima de Gore Vidal: “O fato está perdido no momento mesmo do acontecimento”.
>> Por um teatro pobre… E carequinha!
Artesanal, o teatro alternativo é sempre experimento destemido, e se expõe com despudorada proximidade ao erro. Propositadamente, assim, a cena está sempre na iminência de desabar.
>> Em nome de Alberto
No dia 12 de abril passado, Os Satyros foram convidados por Marcelino Freire a fazer uma homenagem a Alberto Guzik, no Itaú Cultural.
>> As Palavras e as Coisas!
A palavra é matéria-prima do teatro. Mesmo que seja uma palavra muda e sem som (especialmente nesse caso). Mesmo que seja uma palavra-imagem.
>> Ecos de Nicky Silver…
Erica Migon e Mariana Lima estiveram na SP Escola de Teatro para uma conversa com os aprendizes sobre o dramaturgo americano Nicky Silver, sua peça de teatro “Pterodátilos”, o tema “personagem e conflito”, a questão da família nos dias de hoje, ligada ao pensamento de Lipovetsky sobre a Sociedade Pós-Moralista.
>> Janeiro de 2013. Uma ficção de início de ano para renovar a vida com chuva
“A morte da letra provoca esta chuva. Os dois fenômenos estão ligados”, compreendeu finalmente o povo.
>> Meia-dúzia de curtas considerações irrelevantes
Há pessoas que diante de um acontecimento de impacto necessitam falar alguma coisa. Outras têm que mudar de assunto.
>> Tributo Gauche
No Mito dos Confins, a palavra toca fisicamente os mortos. São palavras bastante concretas convertidas, paradoxalmente, em metáforas.
>> Ninguém morrerá: seremos todos morridos
Frequentemente, na psicanálise e no teatro, os fenômenos que se dão à revelia do sujeito são aqueles que mais nos interessam.
Trabalhar e amar é o que há de bom neste mundo, diz Freud, no fim da vida – não com estas palavras, talvez não nesta ordem!
O diretor Maurício Paroni de Castro, propôe uma interessante reflexão sobre a “Suspensão de descrença”.
>> A criatividade não se deixa mapear
É preciso transformar o tabu em totem, diz o manifesto antropofágico. É preciso transformar o traço de caráter em sintoma, diz a clínica psicanalítica.
>> Análise clínica do DNA da SP Escola de Teatro
Muita lagartixa perde a cabeça (valem os dois sentidos) quando embriagada pela dança de sedução. Frequentemente o animal sacrifica a vida, desde que seus genes tenham sido transmitidos e lançados ao futuro.
Os traumas pelos quais passamos só podem ser absorvidos em câmera lenta.
>> Olfato, sexo, postura ereta!
Das sensações humanas, o sentido mais preservado e afastado das palavras é o olfato. Soterrado hoje, houve um tempo em que ele reinou.
>> Quarta parede?
O jogo do teatro exige a suspensão da descrença, como se sabe. Se o espectador não se entrega à brincadeira, por melhor que seja o espetáculo, o mecanismo não se dá, o deus não desce do Olimpo.
>> Nunca preste atenção!
Por defeito de nascença, embora guarde intacta na memória qualquer melodia, não presto atenção, não ouço, não lembro as letras de música nenhuma.
>> Vento
Por ser unívoco e não possuir ambiguidades, o clichê não tem valor expressivo. Ele pode, na melhor hipótese, comunicar algo, mas jamais expressa coisa nenhuma
>> A tensão pré-menstrual e o monumental tamanho das coisas
O monumental tamanho das coisas
O romance “Festa no covil”, de Juan Pablo Villalobos, é também peça de teatro.
>> Fabio Mazzoni, o senhor das sombras!
A sedução das penumbras de Fabio Mazzoni já estava lá, no ensaio/espetáculo de dança/teatro “Erzebet”, dirigido por ele, no ano passado.
>> Sexta-feira 13, sorte!
A peça “M.” fica em cartaz no Teatro Augusta somente até sexta-feira, dia 13/12. Dirigido por Mauricio Spina, que também é o autor do texto, esse trabalho traz uma formidável atuação do grande ator carioca Ronaldo Villar, como M., o protagonista.
>> Um fraque para tocar Beethoven, por favor
No documentário “Santiago”, de João Moreira Salles, de 2007, há uma cena em que, numa noite, Santiago, o mordomo da família Salles (que dá título ao filme), de fraque e tocando Beethoven ao piano, é flagrado por João, então ainda criança.
>> Tributo a Eduardo Coutinho
Eduardo Coutinho tinha uma escuta maiúscula: era bom ouvinte de estórias. Punha personagens diante das suas câmeras perscrutadoras como um psicanalista coloca seus pacientes no divã.
>> Transitoriedade
Apoiado em Tchecov (“As três irmãs”) e Cortázar (“Casa tomada”), canibalizados pelo espetáculo, o teatro de Silvana Garcia se levanta e migra, inaugurando outra coisa. Um ponto de chegada, talvez; ou um ponto de partida. Para então, no fim do espetáculo, pousar congelado, numa fotografia amarelada que encara o público.
>> Bengalas da humanidade
Ninguém escapa ileso ao espetáculo teatral “Pessoas perfeitas”, a nova erupção do vulcão criativo dos Satyros!
Num experimento na SP Escola de Teatro, um dos grupos de estudantes apresentou um exercício cujos ecos chegaram até mim. Vultos!
>> Palavra é lugar!
Estreou numa única sala de cinema da cidade de São Paulo o documentário “Eduardo Coutinho, 7 de outubro”. Com direção de Carlos Nader, o filme inverte papéis: põe o mestre dos documentários na cadeira de entrevistado.
>> O riso! Pausa nas grandes reflexões
>> Nove seções! Sexualidade e platitudes
>> Saúde; Atenção flutuate; e, irrelevâncias
>> Reflexões irrelevantes para deleite da pátria!
>> IDIOTA