Por Miguel Arcanjo Prado*
Fotos Edson Lopes Jr.
Muitos por aí têm certeza de que 2020 é o ano que vamos querer esquecer. E estão cobertos de razão. Afinal, foi um ano de mortes, dores, reclusão, crise e muita, mas bota muita nisso, tristeza. Enfim, foi uma ponte difícil de se atravessar.
Contudo, no rodapé da História, sobretudo quando se falar do mundo artístico, o mesmo terrível 2020 terá sido o ano em que os artistas demonstraram mais do que nunca sua força e sua capacidade de resistir.
No teatro não foi diferente. Impedidos de estarem nos palcos reais e encontrar seu público cara a cara, atrizes e atores migraram junto de todos os profissionais dos bastidores para as telas do digital.
No começo muito atacado, logo o teatro digital começou a ser assimilado como nova possibilidade artística. E nisso Ivam Cabral, Rodolfo García Vázquez e a turma da Cia. de Teatro Os Satyros têm peso fundamental por terem sido pioneiros.
Assim como este vosso jornalista e crítico foi a primeira voz na crítica brasileira a dizer o óbvio: a arte sempre se reinventa em novas plataformas e o teatro digital é teatro, sim.
Aqui na SP Escola de Teatro, nós criamos a SP Escola de Teatro Digital, nosso espaço cênico na Sympla, que foi inaugurado em 1º de outubro de 2020 por Ivam Cabral, o primeiro ator do teatro digital, com seu solo Todos os Sonhos do Mundo, que transferiu-se dos palcos para as redes em 20 de março de 2020, auge do medo da nova pandemia que apenas começava.
E por nosso palco digital passaram grandes nomes como João Acaiabe, Maitê Proença, Sérgio Mamberti, Brincando na Kebrada, Palhaço Bambulino, Lázaro Ramos, Orlando Caldeira e Dreyson Menezzes, Márcia Dailyn, Hugho, Cléo De Páris, Fábio Penna, Ricardo Cabral, Natasha Corbelino, Indelicada Cia e Satyros, Os Zzzlots e os mais incríveis espetáculos teatrais feitos por egressos da SP Escola de Teatro, hoje trilhando seu caminho profissional no teatro brasileiro.
Tudo isso só foi possível graças ao cuidado de toda a equipe da Extensão Cultural da SP Escola de Teatro, que contou com especial dedicação de Giovana Gallucci na produção.
Para encerrar essa jornada, nesta quinta (10) e sexta (11), sempre às 20h, temos as duas últimas sessões de A Ponte, solo de Luccas Papp, jovem ator e dramaturgo que foi incansável neste 2020. Antes da pandemia, ele escreveu e protagonizou as peças O Ovo de Ouro e O Canto de Ninguém. E viveu na família a dor, já que perdeu seu avô para a Covid-19.
No espetáculo com inspiração autobiográfica, Papp aborda de forma sensível outro assunto tão crucial nestes sombrios tempos: a depressão e o suicídio. Assim como a saúde do corpo, cuidar da saúde da mente também é fundamental; é a lição que ele nos deixa.
Que tal prestigiar o espetáculo? Assim, terminamos de forma inteligente este ano no qual o teatro esteve mais vivo do que nunca nas redes e nos nossos corações.
Retire aqui seu ingresso para ver A Ponte!
*Miguel Arcanjo Prado é Coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro.