Os bolivianos compõem a maior comunidade imigrante de São Paulo. Segundo dados de 2019 da Polícia Federal e da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, a capital paulista abriga mais de 75 mil bolivianos, o que os colocam bem à frente da segunda comunidade estrangeira na cidade, a de portugueses, esta com 52 mil pessoas.
Quem passeia pela rua Coimbra, no bairro do Brás, onde fica a sede da SP Escola de Teatro, ou pela praça Kantuta, no Pari, locais onde o idioma corrente é o espanhol e também o quéchua, percebe logo a força da comunidade boliviana e se sente transportado para um pedacinho do país andino em plena maior metrópole brasileira. E no campo da cultura não é diferente.
Cada vez mais, nossos hermanos bolivianos deixam sua marca nas artes, o que torna a cultura paulistana ainda mais cosmopolita. Aqui na SP Escola de Teatro, já recebemos em intercâmbio o ator e palhaço boliviano Antonio Peredo, além de termos enviado estudantes em intercâmbio para a Escuela Nacional de Teatro de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
Nesta sexta-feira, dia 6 de agosto, quando se celebra a Independência da Bolívia, que tal conhecer quatro imigrantes bolivianos que deixam nossa cultura ainda mais diversa? Conheça a jornalista Elba Kriss, os atores Juan Cusicanki e Veronica Sumi e as rappers da Santa Mala.
Elba Kriss
Boliviana nascida em La Paz e que veio para São Paulo com 2 anos, Elba Kriss é uma das mais importantes jornalistas do mercado do entretenimento e da cultura no Brasil, país no qual se naturalizou. Atualmente, é jurada da categoria Streaming TV do Prêmio Arcanjo de Cultura e trabalha como repórter do site Notícias da TV, do jornalista Daniel Castro. Elba ainda foi redatora e coordenadora de produção do TV Fama, na Rede TV!, e passou pela Record, onde foi repórter do portal R7. A profissional ainda passou pela Quem Acontece e foi editora de Moda, Beleza e Lifestyle do Yahoo Brasil. Na On Line Editora, liderou projetos internacionais em parceria com a Televisa do México, um dos principais grupos de comunicação da América Latina.
Juan Cusicanki
O ator boliviano Juan Cusicanki também é performer e músico, atuando em peças de teatro, cinema e na publicidade em São Paulo. Ele é um dos fundadores do Grupo Kollasuyu Maya e é nome respeitado quando o assunto é a presença dos imigrantes na cultura brasileira. Ele já atuou em alguns dos principais palcos de São Paulo, além de ter integrado elenco de peças como Caminos Invisibles – La Partida, da Companhia Nova de Teatro, e foi um dos criadores da performance Inti Raymi, que celebrou o sol e o Ano-Novo Inca no Memorial da América Latina.
Santa Mala
O grupo de hip hop Santa Mala, com três irmãs bolivianas radicadas em São Paulo, canta a questão imigrante e também o amor, quebrando estereótipos e preconceitos com seu “orgulho boliviano, orgulho de latino”. Respeitados na cena rap de La Paz e de São Paulo, Jenny, Pamela e Abigail Llanque apostam na força da mulher latina. Em seus shows, sempre discursam pelo respeito aos imigrantes latinos e seus direitos e reforçam a importância da ancestralidade andina em sua cultura. “Siempre de pie, nunca de rodillas… Boliviano no es costura, boliviano es postura”, cantam em um de seus grandes hits.
Veronica Sumi
Veronica Sumi conquistou a Mostra de Cinema de Tiradentes em 2015 ao interpretar a personagem Rosa, no sensível filme Vidas Ausentes, de Ronaldo Dimer, um dos grandes destaques no evento que abre o ano cinematográfico brasileiro na cidade histórica mineira. No filme, Rosa é uma imigrante boliviana em São Paulo que fica grávida e não sabe como sustentará o filho que está por vir. A doce interpretação de Veronica Sumi no filme conquistou a crítica especializada e fez com que a artista boliviana deixasse sua marca como a primeira atriz boliviana a participar do importante festival de cinema no Brasil.
*Miguel Arcanjo Prado é Coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro. Jornalista formado pela UFMG, é especialista em Mídia, Informação e Cultura pela ECA-USP e mestre em Artes pela UNESP. É crítico da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), da qual foi vice-presidente. Dirige o Blog do Arcanjo e o Prêmio Arcanjo de Cultura, além de fazer o Podcast do Arcanjo. @miguel.arcanjo