Há 12 anos, a SP recebia a presença ilustre de um grande dramaturgo espanhol: Fernando Arrabal!
Como uma instituição que presa pelo diálogo plural e troca cultural com uma ampla gama de pensadores e figuras contemporâneas que marcaram a história do teatro nacional e mundial, a visita do escritor, cineasta e dramaturgo Fernando Arrabal foi um evento especial e memorável . O encontro também contou com a presença do ator e diretor Robert Castle e foi mediado pelo então diretor pedagógico da Escola, o jornalista, crítico, escritor, diretor e ator Alberto Guzik (1944-2010) e por Marici Salomão, coordenadora de Dramaturgia na Instituição.
Os convidados fizeram importantes reflexões sobre o papel do dramaturgo e o que é teatro;
“O mais importante é o que não foi ensinado no século XX” afirmou o autor, “O século XX em que os grandes avatares da modernidade desprezaram a ciência, o que eu acho importante em primeiro lugar, é que o dramaturgo não ensina. E em segundo, que na realidade não tenho nada a dizer, não sei nada. E se eu quisesse saber alguma coisa seria um pouco de ciência. O pouco que sei perpasse pelos motivos pelos quais Espinosa escreveu sobre amizade ou Wittgenstein escreveu cada um de seus aforismos. Interessa-me sobretudo analisar um jogo de xadrez, imaginar qual é a estratégia e a tática de uma pomba, ou melhor ainda, de um pombo quando esse gira em torno da pomba para seduzi-la, então essa estratégia e essa tática é o que me parece estar em conexão com essa coisa inefável que é o teatro. ”
Arrabal também elucidou um pouco sobre a realidade da arte teatral no cenário europeu da época, desmistificando um pouco a questão da nacionalidade atribuída a grandes dramaturgos e colegas seus. O artista pontuou: “Teatro não tem nacionalidade (…) Se trata de algo melhor que vivo, porque vivo está ao alcance de todos, o que não está ao alcance de todos é a sobrevivência, o que é isso? Aí o teatro transcende o professor”, e relembra de momentos que viveu ao lado de Beckett quando foi publicado o artigo de Martin Esslin categorizando sua obra como ‘Teatro do absurdo’. Na reflexão ele propõe também uma nova forma de se pensar sobre o poeta ‘fazedor’ desse ofício que é o texto dramático. Além disso, o autor também traz uns pouco de suas expectativas sobre o teatro de então;
100 anos da Semana de 22: O Homem Amarelo, de Anita Malfatti
“Felizmente, o teatro se encontra hoje nas catacumbas, devorado por uma série de atividades muitos enriquecedoras como são a televisão, a internet, então o teatro tem uma grande oportunidade. A oportunidade de não ter nada a esperar nem nada a receber, o teatro se encontra na melhor posição para ser a verdadeira arte do renascimento, ou seja, do renascer. ”