Aysha Nascimento é uma das atrizes mais importantes do teatro brasileiro neste começo de século 21. Ela esteve em obras que marcaram época, como Ida, que mostrava a crise de uma jovem arquiteta negra diante do racismo estrutural arquitetônico, brilhantemente interpretada por ela e Verônica Santos, no texto escrito por Renata Martins em processo colaborativo com as atrizes e dirigido por Flávio Rodrigues. E também Gota D’Água {Preta}, que reviu a grande obra musical de Chico Buarque e Paulo Pontes sob a perspectiva negra e direção de Jé Oliveira, obra na qual a atriz brilhou com sua dança ancestral e atuação potente.
Faça já sua inscrição ao curso de Aysha Nascimento!
Mas, este colunista jamais se esquece da primeira vez que a viu no palco, dez anos atrás, em uma desconcertante e sensível atuação em Movimento Nº 1: O Silêncio de Depois, como uma passista de escola de samba que recusava ter seu corpo hipersexualizado, na inteligente e hoje já histórica obra que marcou a estreia do Coletivo Negro, um dos grupos que reacenderam a necessária chama da presença negra no teatro brasileiro e abriu a discussão de representatividade nas artes bem antes de ser pauta na mídia.
Por tudo isso, é com orgulho imenso que apresento a você o curso para o qual convidei Aysha Nascimento para estar conosco na Extensão Cultural da SP Escola de Teatro. Chama-se O Teatro e os Novos Imaginários, com classes digitais ministradas entre 2 de junho a 9 de julho, às quartas, das 18h às 21h, e às quintas e sextas, das 14h às 17h. As inscrições são gratuitas, assim como o curso, e podem ser feitas até 24 de maio.
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Aysha, a quem aqui agradeço a prontidão com que aceitou nosso convite — também é preciso agradecer o empenho da colaboradora Marie Ikonomidis no preparo e cuidado com o mesmo —, promete trabalhar o imaginário, bem como refletir e desenvolver a criatividade dos matriculados ao longo do curso. Isso de dará por meio de jogos teatrais, esboços ou improvisações para criar novos imaginários cênicos com os participantes.
Farta experiência nos palcos e na arte de rua a credenciam: formada pela Escola Livre de Teatro de Santo André, a atriz e bailarina também é fundadora do grupo de teatro negro Coletivo Negro e da companhia de teatro de rua Cia. dos Invertidos. E é a partir do Teatro Negro e do Teatro de Rua que ela abordará seu curso, além de experimentar a oralidade e conceitos sobre construção da imagem e seus desdobramentos no fazer teatral.
Claro que tudo isso vai suscitar reflexões cênicas sobre as representações, seus pontos de vistas e trazer alguns apontamentos acerca do fazer teatral em diversas camadas e no levantamento de alguns questionamentos sobre a construção de imaginários e metodologias. Tudo isso torna este curso imperdível, não é mesmo?
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*Miguel Arcanjo Prado é Coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro. Jornalista formado pela UFMG, é especialista em Mídia, Informação e Cultura pela ECA-USP e mestre em Artes pela UNESP. É crítico da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), da qual foi vice-presidente. Dirige o Blog do Arcanjo e o Prêmio Arcanjo de Cultura. @miguel.arcanjo