Como discutir a performatividade nunca é demais, Beth Lopes, Caetano Vilela e Cássio Santiago reuniram-se ontem (23), em uma palestra ministrada aos aprendizes do Módulo Azul (período matutino) da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, na Sede Roosevelt da Instituição.
Tendo como material disparador o artigo “Teatralidade e Performatividade na Cena Contemporânea”, da Professora da ECA/USP, dramaturga, pesquisadora do CNPq Silvia Fernandes, os três participantes travaram uma discussão a respeito do tema, compartilhando suas perspectivas, sob mediação de Joaquim Gama, coordenador pedagógico da Instituição, que destacou o caráter polifônico da mesa e ressaltou a importância de retomar uma investigação conceitual sobre a performatividade, eixo temático do Módulo.
Encontro conectou artistas e pesquisadores aos aprendizes do Módulo Azul (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Depois disso, Santiago, que é artista residente do curso de Direção da Escola, começou a discorrer sobre alguns temas abordados no artigo de Silvia, como o que chamou de “ideia de rejeição a uma totalização”. Curiosamente, ele apresentou até uma equação matemática: M – 1. O “M” significa multiplicidade, e o “-1”, a falta de unidade. “O lugar da arte não está no palco, nem na ação artística. A arte está no olho de quem vê”, comentou.
O próximo foi o ator, diretor e iluminador Caetano Vilela, que falou bastante sobre o compositor, diretor e ensaísta alemão que revolucionou a ópera, Richard Wagner, também mencionado no artigo. “Wagner não pensava numa mudança radical do fazer operístico, e sim em retomar a identidade do povo alemão”, afirmou, antes de lançar uma série de provocações aos aprendizes: “Para quem fazemos arte? Quais são as necessidades do nosso público? Até que ponto a tecnologia bloqueia ou abre caminhos para a criação?”.
Sobre o texto de Silivia, a diretora e pesquisadora Beth Lopes disse: “É um importante registro, pois faz um mapeamento sobre a teoria da teatralização e da performatividade. Interessante tentar entender essa febre da busca por um potencial na performance”. Segundo ela, a performatividade estaria sempre ligada a uma demanda pessoal, e, assim, se aproximaria da vida. “O mais importante talvez seja quebrar nossos próprios paradigmas”, arrematou.
Os aprendizes do Módulo Azul adentram a terceira e última etapa do Experimento no final de junho, compartilhando com o público suas investigações cênicas no dia 29.
Texto: Felipe Del