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Paulo Autran por Miguel Arcanjo Prado

Publicado em: 29/03/2012 |

O Dia em que Paulo Autran me Telefonou

 

Tarde de notícias quentes em meados de 2007. A redação da revista Contigo! fervilha no quinto andar do prédio da Editora Abril, na marginal Pinheiros, em São Paulo. De repente, a secretária me dá um grito. “Miguel, estou passando uma ligação para você. É um tal de Paulo, tá?”. 

 

Paro tudo, na correria de um jornalista em fechamento, para atender. “Alô, Miguel Arcanjo?”, me diz a voz do outro lado assim que tiro o telefone do gancho.  Confirmo que sou o próprio. “Aqui é o Paulo”. Meio desnorteado, reconheço um pouco a voz, mas duvido, como um repórter deve fazer sempre, e pergunto, na lata, tentando não parecer descortês. “Qual Paulo?”. 

 

A voz do outro lado sorri brevemente e revela com a maior simplicidade do mundo: “É o Paulo Autran! Estou ligando só para dizer que fui à banca e comprei a revista para ler a matéria que você fez comigo, sobre o teatro que me deram (a reportagem era sobre a inauguração do Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, para a qual havia lhe entrevistado dias antes). Li e gostei muito. Muito obrigado.” 

 

Petrificado, meus olhos se inundam de repente de lágrimas. Só tenho tempo de responder, meio confuso com tudo aquilo. “Paulo, querido, sou eu quem tenho de lhe agradecer pelo carinho, por ter me dado entrevista, por deixar este repórter em começo de carreira ter o privilégio de conviver com você. Sou eu quem tenho de dizer muito obrigado!”.

 

Do outro lado, ele sorriu mais uma vez e finalizou: “Bom, sei que você deve estar atarefado aí. Só liguei mesmo para lhe agradecer, viu? Muito obrigado. Abraço!”. E desligou o telefone. Este era o grande Paulo Autran. Que falta ele me (nos) faz.

 

 

Miguel Arcanjo é jornalista e crítico teatral. 

 

Veja o verbete de Paulo Autran na Teatropédia.

 

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