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A Arte não deve ter limites

Publicado em: 21/06/2010 |

Na tarde de quinta, dia 17 de junho, Luiz Fernando Ramos comandou bate-papo online com o tema “O Teatro Contemporâneo”, no site da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.
Luiz Fernando é doutor e professor de Teoria do Teatro do Departamento de Artes Cênicas da ECA – USP (Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo) e presidente da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas (ABRACE).
Segundo Ramos, que utilizou sua experiência de professor e pesquisador como ponto convergente da conversa, o teatro contemporâneo se caracteriza por nivelar funções como no momento em que atores passam a partilhar com a direção as definições da cena. “Nesse sentido, se o encenador é ou não ator, está ou não em cena, é menos importante, pois ele exerce essa função coordenadora que tem a ver mais com uma visão do conjunto e uma capacidade de construção de linguagem junto com as aptidões de ator ou de qualquer uma das funções da criação cênica”, afirma.
Ramos citou Bertolt Brecht, dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX, como um dos pilares do teatro moderno e referência central na produção contemporânea. “Há muitos Brechts e cada época constrói o seu. A história da quebra da quarta parede é uma das facetas dele e pode se dizer que foi totalmente assimilada pelo teatro, mesmo o comercial. É raro um espetáculo hoje que ainda guarde a quarta parede”, acrescenta.
O professor, também, falou do papel da arte como essencial na criação teatral. “Se há uma característica marcante não só no teatro, mas na arte contemporânea, é o papel decisivo do espectador na formulação da obra, quase uma parceria com seus autores (…) A arte não deve ter limites. Deve sim, ter potência enquanto linguagem, ato e manifestação das dimensões humanas”, afirma.
Em relação à dramaturgia, Luis acredita que há uma tendência de resgatar as potências para voltar a contar histórias a fim de tratar temas que afligem os artistas. “Isso pode parecer um contrasenso com a  moda do pós-dramático como se o drama tivesse acabado, mas na realidade, o que mudou foram as formas de se contruir narrativas”, comenta o professor.
A conversa finaliza sobre a importância das técnicas teatrais do século XX e as potências de desenvolvimento da sensibilidade que a arte contemporânea compreende. ”Criar um espetáculo, sempre passa pela cenografia e elementos materiais da cena, mas a ênfase que a modernidade estabeleceu na ampliação do sentido de dramaturgia não é um aspecto temporário. O teatro sempre carregará essa conquista”, conclui.
SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco | 21/06/2010