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Leia “Alteridade na relação com o meio ambiente”, conferência de Ivam Cabral na Índia

Publicado em: 22/01/2024 | por: Guilherme Dearo

Rodolfo García Vázquez e Ivam Cabral na Índia: convite à SP Escola de Teatro para participar do International Festival of Theatre Schools.

Rodolfo García Vázquez e Ivam Cabral na Índia: convite à SP Escola de Teatro para participar do International Festival of Theatre Schools.

Entre os dias 14 e 19 de janeiro, Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro, e Rodolfo García Vázquez, coordenador do curso de Direção da SPET, estiveram presentes como convidados no International Festival of Theatre Schools, na Índia.

O convite veio de Abhilash Pillai, diretor da School of Drama & Fine Arts, ligada à Universidade de Calicut. O evento aconteceu na província de Kerala, na cidade de Thrissur, e reuniu dezenas de escolas e milhares de profissionais de teatro de todo o mundo. O tema do festival foi “Carnaval da Pedagogia: Teatro e Ecologia”.

Rodolfo García Vázquez foi convidado a dar um workshop ao público. Ele falou sobre teatro e ecologia e como as artes cênicas podem responder às questões climáticas urgentes do século 21.

Já Ivam Cabral foi convidado para uma conferência que deveria versar sobre ecologia e meio ambiente. O diretor executivo da SPET optou por ligar esses dois conceitos tão caros ao século 21 à trajetória e à história de transformação artística, política e social da SP Escola de Teatro, criada em 2009.

Leia a seguir, em português e em inglês, a fala completa de Ivam Cabral no festival:

Alteridade na relação com o meio ambiente

“Nosso grande erro é pensar que ecologia e meio ambiente só diz respeito à natureza, rios, árvores. Antes, ecologia e meio ambiente têm a ver com gente, com pessoas. Precisamos nos colocar no centro dessas discussões.

Vamos lembrar, primeiro, que é impossível falar em ecologia sem entender sua diferença com meio ambiente. A ecologia é uma disciplina científica que estuda as interações entre organismos e seu ambiente. Concentra-se nas relações entre seres vivos e os fatores ambientais que os cercam. A ecologia examina como os organismos interagem entre si e como eles se relacionam com os componentes não vivos do ambiente. Isso inclui o estudo de populações, comunidades, ecossistemas e os padrões mais amplos de distribuição e abundância da vida na Terra.

Por outro lado, o termo meio ambiente refere-se ao conjunto de condições, influências e elementos que cercam e afetam os organismos vivos em um determinado local. O meio ambiente abrange não apenas os componentes naturais, como ar, água, solo, flora e fauna, mas também os elementos sociais, culturais e econômicos que interagem com a natureza.

Embora a ideia de meio ambiente muitas vezes é associada à natureza, é importante ampliar essa concepção para além do ambiente natural e considerar o meio ambiente como o contexto em que a vida humana ocorre.

A afirmação de que o meio ambiente precisa garantir uma boa relação entre as pessoas destaca a importância das interações humanas no ambiente em que vivemos. Isso implica que o meio ambiente não é apenas o cenário físico, mas também o espaço social em que nossas relações humanas se desenvolvem.

Uma boa relação entre as pessoas no meio ambiente está diretamente relacionada à qualidade de vida e ao bem-estar social. Isso inclui aspectos como comunicação eficiente, respeito mútuo, cooperação e a promoção de um ambiente onde as pessoas se sintam seguras e apoiadas.

Reconhecer que o meio ambiente engloba as relações humanas destaca a responsabilidade coletiva na construção de uma sociedade sustentável. Isso implica não apenas a preservação da natureza, mas também o cultivo de um ambiente social positivo e inclusivo.

Quando um corpo tem uma dor de garganta, não é apenas sua garganta que está sofrendo. Antes, é o corpo todo que está adoecido. Em um contexto sistêmico, entendemos que os sistemas são compostos por partes interrelacionadas que formam um todo coeso. Da mesma forma, o corpo humano pode ser considerado um conjunto complexo, onde diferentes órgãos, grupos e funções estão interligados.

O corpo humano opera como uma rede intrincada de componentes interconectados. Cada parte desempenha um papel específico, e as funções de um órgão podem influenciar diretamente o desempenho de outros. Nesse sentido, uma dor de garganta pode ser indicativa de um desequilíbrio em algum lugar do sistema.

Uma abordagem sistêmica para entender os desafios globais implica reconhecer as interconexões e buscar soluções holísticas. Assim como no corpo humano, onde o tratamento de um sintoma muitas vezes envolve considerar o corpo como um todo, enfrentar questões globais exige uma compreensão abrangente dos sistemas complexos envolvidos.

Nesse contexto, a responsabilidade por manter a saúde global recai sobre todos os elementos do sistema. Ações em uma parte do mundo podem ter repercussões significativas em outras áreas, destacando a necessidade de uma abordagem colaborativa e cooperativa para resolver desafios globais.

Portanto, a analogia com o corpo humano ilustra a interdependência das partes no mundo sistêmico e enfatiza a importância de abordagens integradas e cooperativas para promover a saúde e o bem-estar globais.

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A história que eu trago hoje para vocês tem como personagens transexuais, prostitutas, michês, traficantes e consumidores de drogas e muita marginalidade.

No ano de 2000, minha companhia de teatro, Os Satyros, chegou à Praça Roosevelt, uma região, naquele período, bastante perigosa. Inauguramos nosso pequeno teatro de 70 lugares e a partir dali nossas vidas não mais seriam as mesmas.

O primeiro susto: convidados para conhecer o nosso trabalho, os críticos e jornalistas se recusavam, afirmando que não frequentariam o nosso espaço por causa de sua localização, um dos lugares mais perigosos da cidade. Foi então que algumas mesas na calçada, em frente ao nosso teatro, mudariam para sempre o curso de nossas histórias.

Nosso teatro foi planejado com um café em sua entrada. Um jeito que encontramos para garantir encontros, conversas ou alguma diversão. Mas foi a partir das mesinhas na calçada que sentiríamos uma mudança significativa. Porque estavam ali, à disposição de quem passasse, quem quisesse trocar algumas conversas.

Assim, entendemos que habitar o centro de uma das maiores cidades do mundo – a grande São Paulo tem cerca de 20 milhões de habitantes – era, antes de qualquer coisa, assumir a sua tradição. E a tradição ali era a convivência com o diferente, com o inusitado, com o impossível.

Desta forma, fomos conhecendo os traficantes, as transexuais, os moradores em situação de rua e, passado um curto período, várias dessas pessoas estavam trabalhando conosco em nosso teatro. Como técnicos de som ou de luz, na limpeza e manutenção do espaço, e, também, como atores de nossas peças.

Rapidamente nosso trabalho foi assimilado pela cidade e aqueles críticos e jornalistas que disseram que não iriam conhecer o nosso espaço, tornaram- se frequentadores assíduos. Com tamanha repercussão, fomos convidados pelo prefeito da cidade de São Paulo a desenvolver um projeto de criação de uma escola de teatro. Foi assim que nasceu, em 2009, com apoio do governo do estado, a SP Escola de Teatro, um dos maiores centros de formação das artes do palco do mundo.

Em nossa escola, trabalhamos com oito linhas de estudo: Atuação, Cenografia e Figurino, Direção, Dramaturgia, Humor, Iluminação, Sonoplastia e Técnicas de Palco; e recebemos anualmente cerca de 400 alunos em formação regular; e 2.000 em nossos cursos de extensão.

Nossa pedagogia se estabelece a partir da Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, e com ideias do geógrafo brasileiro Milton Santos que trabalha a ideia do “espaço solidário” para refletir sobre a compreensão da geografia e das relações humanas no contexto do espaço geográfico, como uma abordagem crítica em relação às desigualdades e injustiças presentes na organização do espaço. A geografia a serviço da necessidade de solidariedade e cooperação entre diferentes lugares e grupos sociais.

Desta forma, levamos para dentro da pedagogia da escola toda nossa relação com a geografia da Praça Roosevelt. Nossas recepcionistas são todas transexuais. Além de todos os nossos cursos serem gratuitos, uma parte significativa dos nossos estudantes recebem uma bolsa mensal para estudar conosco, num valor de meio salário mínimo.

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Na educação, cada vez mais, tenho a sensação de que o menos importante é o aprendizado em sequência. Na marcha cognitiva, e se pensarmos que estamos falando de estudantes que já concluíram o Ensino Médio, o que menos importa é conhecer superficialmente alguma teoria.

Sempre gosto de lembrar que um especialista do teatro grego, por exemplo, pode saber tudo dos gregos – seus autores e sua mitologia –, e desconhecer, por completo, o teatro pós-dramático. Ou o contrário. Desta forma, criar redes e diálogos interdependentes entre conhecimentos variados é, em nosso tempo, a tarefa mais importante.

Na SP Escola de Teatro trabalhamos o conceito do não-acumulativo. Estruturamos nossa formação em quatro módulos, que duram um semestre cada. Estes módulos são células autônomas que têm total independência entre si. Para a SP Escola de Teatro interessa muito mais o curso, o procedimento, do que o resultado final. Para nós, o importante é sempre não estar pronto.

No ensino formal, fomos orientados a buscar as referências da tradição sem, no entanto, criar qualquer paralelo com o contemporâneo. Nas escolas de teatro, primeiro vinha a obrigação de montar um clássico do teatro romântico, sem que isso traçasse qualquer cotejo com o tempo e apreensões deste estudante. Ou, quando acontecia, era sempre de maneira superficial e nada evidente.

Talvez a grande desmotivação do aprendizado esteja justamente neste ponto: impor uma teoria sem que ela esteja ajustada à realidade ou vivência do educando. À vista disso, não seria mais producente falar de teorias, por exemplo, se as aplicarmos à realidade de um território circunscrito? É sempre possível – quiçá fundamental – traçar um paralelo entre a contemporaneidade e a tradição.

Não podemos olhar para a história como algo imutável porque há sempre flexibilidade em seu trânsito. É possível, ainda que de maneira abstrata e subjetiva, modificarmos seu fluxo e sua condução. A história consegue, sim, ser modificada. Acertos e erros do passado podem se tornar espelhos para o presente. Mas a análise mais eficaz, contudo, é quando este percurso é olhado no detalhe, na direção do contemporâneo para a tradição; no resgate cronológico, portanto.

Em vias contrárias, revelar ao contemporâneo a importância da tradição é papel do educador. Seja no teatro, na história ou na geografia.

Compreendemos a história não como uma narrativa museológica, fundada estritamente na cronologia. Para nós, o teatro e, por conseguinte sua história, deve estar imbricado com o tempo dos estudantes. Dessa forma, nosso ponto de partida estará sempre vinculado à contemporaneidade dos estudantes.

É com base na experiência, em questões contemporâneas, que acionamos a tradição teatral. Parafraseando Paulo Freire, podemos dizer que compartimentar o conhecimento em disciplinas parece-nos mais um processo de aprisionamento e colonização do pensamento, do que de fato a ideia de conceber a educação como prática de libertação.

São dentro desses princípios que temos mantido na SP Escola de Teatro o interesse pela dialética do conhecimento, pela historicização e a pluralidade do pensamento. Em nossa instituição, não acreditamos na história do teatro confinada em grades, mas confrontada, questionada, ampliada e revista do lugar onde nos encontramos.

Pouco mais de vinte anos da chegada dos Satyros à Praça Roosevelt, muita coisa aconteceu por ali. O local abandonado e perigoso de outrora é hoje um polo cultural potente e solidário. Prova de que, com responsabilidade e cuidado é possível colocar a arte a serviço da sociedade. E assim, criar um espaço onde arte, ecologia e meio ambiente possam caminhar numa mesma direção.”

Otherness in the relationship with the environment

“Our biggest mistake is thinking that ecology and environment only concern nature, rivers, trees. However, ecology and environment are also related to people. We need to put ourselves at the center of these discussions.

Let’s remember, first of all, that it is impossible to speak about ecology without understanding its difference with the environment. Ecology is a scientific subject that studies the interactions between organisms and their environment. It focuses on the relationships between living beings and the environmental factors that surround them. Ecology examines how organisms interact with each other and how they relate to nonliving components of the environment. That includes the study of populations, communities, ecosystems and the broader patterns of distribution and abundance of life on Earth.

On the other hand, the term environment refers to the set of conditions, influences and elements that surround and affect living organisms in a given location. The environment encompasses not only natural components, such as air, water, soil, flora and fauna, but also the social, cultural and economic elements that interact with nature.

Although the idea of ​​environment is often associated with nature, it is important to expand this conception beyond the natural environment and consider the environment as the context in which human life occurs.

The statement that the environment needs to guarantee a good relationship among people highlights the importance of human interactions in the territory in which we live. This implies that the environment is not only the physical setting, but also the social space where human relationships are developed.

A good relationship among people in the environment is directly related to quality of life and social welfare. This includes aspects such as efficient communication, mutual respect, cooperation and promoting an environment where people feel safe and supported.

Recognizing that the environment encompasses human relationships highlights the collective responsibility in building a sustainable society. This entails not only preserving nature, but also cultivating a positive and inclusive social environment.

When you have a sore throat, it’s not just your throat that is suffering. Rather, it is the entire body that is sick. In a systemic context, we understand that systems are composed of interrelated parts that form a cohesive whole. Likewise, the human body can be considered a complex set, where different organs, groups and functions are interconnected.

The human body operates as an intricate network of interconnected components. Each part plays a specific role, and the functions of one organ can directly influence the performance of others. In this sense, a sore throat may be indicative of an imbalance somewhere in the system.

A systemic approach to understand global challenges involves recognizing interconnections and seeking holistic solutions. Just as in the human body, where treating a symptom often involves considering the body as a whole, tackling global issues requires a comprehensive understanding of the complex systems involved.

In this sense, the responsibility for maintaining global health depends on all elements of the system. Actions in one part of the world can have significant repercussions in other areas, highlighting the need for a collaborative and cooperative approach to solve global challenges.

Therefore, this analogy with human body illustrates the interdependence of parts in the systemic world and emphasizes the importance of integrated and cooperative efforts to promote a global welfare.

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The story I will tell you today has, as main characters, transgender people, sex workers, prostitutes, hustlers, drug dealers, drug addicts and a lot of delinquency.

In the year 2000, my theater company, Os Satyros, arrived at Roosevelt Square, a very dangerous area at that time. We opened our small 70-seat theater and from then on our lives would no longer be the same.

We got quite a shock when we invited critics and journalists to watch our plays. They refused, stating that they would not frequent our space because of its location, one of the most dangerous places in the city. It was then that a few tables and chairs on the sidewalk, in front of our theater, would change the course of our lives forever.

Our theatre was planned with a cafe at its entrance. A way we found to guarantee meetings, conversations and some fun. But it was from the tables and chairs on the sidewalk that we would feel a significant change. Because they were there, available to anyone passing by, anyone who wanted to chat.

Thus, we understood that living downtown in one of the largest cities in the world – São Paulo megalopolis has around 20 million inhabitants – was, above all, embracing its tradition. And the tradition there was coexistence with the different, the unusual, the impossible.

So, we got to know the drug dealers, the sex workers, and the homeless people. After a short period, several of them started working with us in our theatre, as sound/lighting designers and actors, for instance, or cleaning and maintaining the building.

Our work was quickly assimilated by the city and those critics and journalists who said they wouldn’t visit our space became part of our regular audience.

With such repercussion, we were invited by the mayor of the city of São Paulo to develop a project for a theatre school. So, in 2009, with the help of the state of São Paulo, we opened the SP Theatre School, one of the largest training centers for performing arts in the world.

There, we have eight courses: Acting, Scenography and Costume Design, Direction, Dramaturgy, Humor, Lighting, Sound Design and Stage Techniques. We have about 400 students annually in the regular training; and 2.000 in our extension courses.

Our pedagogy is based on Paulo Freire´s Pedagogy of Autonomy and on concepts of the Brazilian geographer Milton Santos, who works on the idea of a ​​“space for solidarity”. It is a way to understand human relations in the context of geographic territory, as a critical approach to the inequalities and injustices present in the organization of space. Then, geography is seen as a tool for solidarity and cooperation between different places and social groups.

So, we took our entire relationship with the geography of Roosevelt Square into the school’s pedagogy. Our receptionists are all transgender women. Finally, all of our courses are free and a significant part of the students have a scholarship to support their living expenses.

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In education, I have the understanding that the least important thing is sequential learning. For the cognitive progress, especially for students as ours, who have already completed high school, what matters least is knowing some theory superficially.

I always like to remind that a specialist in Greek theater, for instance, can know everything about the Greeks – their authors and mythology –, but be completely unaware of post-dramatic theater and vice versa. In this way, creating interdependent networks and dialogues between different kinds of knowledge is the most important task in our times.

At SP Theatre School, we work on the concept of the non-accumulative. We structure our training into four modules, which last one semester each. These modules are autonomous cells that are completely independent of each other. For us, the learning process is more significant than the final result. That´s why we have as a motto the statement “the important thing is not to be ready”.

In formal education, we were instructed to seek references from the tradition without creating any parallel with the contemporary issues. The theater schools used to have first of all the obligation to stage the plays of the canon, without making any comparison with the student’s perspectives and apprehensions. Or, when it happened, it was always in a superficial way.

Perhaps the greatest demotivation in learning is precisely at this point: imposing a theory which is not linked to the student’s reality or experience. In view of this, wouldn’t it be more productive to talk about theories, for example, if we apply them to the reality of a circumscribed territory? It is always possible – probably fundamental – to draw a parallel between contemporary times and tradition.

We cannot look at history and canon as something immutable because there is always flexibility in its transit. It is possible, even if in an abstract and subjective way, to modify its flow and conduction. Yes, history can be changed. Successes and mistakes from the past can become mirrors for the present. But the most effective analysis, however, is when this path is looked at in detail, in the direction from contemporary to tradition; so, in chronological rescue.

In other words, revealing to contemporary people the importance of tradition is the role of the educator. Whether in theater, history or geography.

We understand history not as a static narrative, based strictly on chronology. For us, theater and, consequently, its history, must be associated with the students’ time. In this way, our starting point will always be linked to the students’ contemporary situation.

It is based on experience and on contemporary issues that we access the theatrical tradition and the different canons. Paraphrasing Paulo Freire, we can say that compartmentalizing knowledge into subjects seems to us more like a process of imprisonment and colonization of thought than ​​conceiving education as a practice of freedom.

Those concepts are our principles to maintain the dialectics of knowledge and plurality of thoughts. In our institution, we do not believe in the history of theater confined to bars, but confronted, questioned, expanded and reviewed from the position we find ourselves.

So, a lot of things has been happening since Satyros arrived at Roosevelt Square. The once abandoned and dangerous place is now a powerful and supportive cultural hub. It is a proof that, with responsibility and care, it is possible to put art at the service of society. And thus, create a space where art, ecology and the environment can move in the same direction.”




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