Na última semana, aconteceram duas apresentações abertas ao público, na sede Roosevelt da SP Escola de Teatro, do espetáculo Anónimo Não É Nome de Mulher, da Cia. Narrativensaio – AC, grupo português que é conduzido pela encenadora, atriz e professora de teatro na Escola Superior Artística do Porto (ESAP), Luísa Pinto.
Depois de estrear, no mês de janeiro, em Portugal, na cidade de Vila Nova de Famalicão, a peça foi um sucesso em terras brasileiras e teve suas duas sessões, nos dias 9 e 10 de fevereiro, lotadas. A direção é de António Durães e as atuações de Luísa Pinto e Maria Quintelas.
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A dramaturgia nasceu do encontro da diretora artística da companhia com os livros “Malacarne: Mulheres e manicômios na Itália fascista”, da italiana Annacarla Valeriano, que foi agraciado com o prêmio Benedetto Croce em 2018, e “Holocausto Brasileiro”, da brasileira Daniela Arbex, que conquistou o segundo lugar do prêmio Jabuti, em 2014, na categoria de Reportagem.
Luísa percebeu semelhanças entre os dois contextos e decidiu levar a história ao palco, convidando a jornalista Mariana Correia Pinto para escrever o texto, em sua estreia como dramaturga.
“Fomos percebendo que era uma realidade muito comum aos regimes opressores. A peça não identifica o local onde a ação se passa, o que interessa é que estamos num regime opressor”, explica Mariana.
Enquanto pesquisava, ela teve a sensação de que esta situação não era exclusiva dos séculos XIX e XX, mas que ainda acontece atualmente “Obviamente não são os hospícios, mas ainda existe uma luta maior para mulheres do que para homens”.
A produção portuguesa retrata o drama de duas mulheres dadas como loucas por desafiarem regimes opressores. Internadas em hospícios, elas debatem-se com as suas dores, dúvidas e sonhos em cacos. Naquele lugar desumanizado, surge, no entanto, esperança e a questão “poderá a bondade vencer a opressão?” é levantada ao espectador.
Enquanto estas vidas se enovelam, outra mulher narra a sua história. Amor e violência, loucura e verdade, fama e solidão, violência e feminismo permeiam a montagem, na qual histórias silenciadas são resgatadas e confrontam o público com resquícios de um tempo não muito distante.
Além das duas apresentações, o coletivo teatral também realizou três workshops, ministrados por integrantes da montagem, para os estudantes da Escola.
A parceria entre a SP Escola de Teatro e a ESAP já acontece há muitos anos e contou com diversos projetos de intercâmbio entre estudantes e professores, colóquios e residências artísticas. Em maio de 2022, o diretor executivo da instituição brasileira, Ivam Cabral, assumiu o cargo de consultor da Comissão Externa Permanente de Aconselhamento Científico (CEPAC), do Centro de Estudos Arnaldo Araújo (CEAA), parte da ESAP.
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