Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro, é o destaque das Páginas Amarelas da Veja São Paulo da semana, publicada nesta sexta-feira, 28, onde é chamado de herói por seu trabalho na revitalização da Praça Roosevelt, local em que fica uma das sedes da instituição.
Na entrevista exclusiva, o gestor cultural, ator, dramaturgo e psicanalista conta a relação do Satyros- grupo teatral criado por ele e Rodolfo García Vázquez há 33 anos- com a Praça Roosevelt, espaço adotado pela trupe no início dos anos 2000. Naquela época, essa região era muito perigosa e destruída, e em seu relato, Ivam comenta alguns dos contratempos que viveu na localidade enquanto a Cia. encenava suas peças em seu famoso galpão.
Todavia, ao tornarem a localidade em um território dinâmico e de acolhimento, por exemplo, quando disponibilizaram mesas em frente à sala de teatro e convidaram a população do entorno, como travestis e skatistas a conviverem nesse espaço, transformaram-no em um ambiente de muita produção artística e trocas culturais.
“A grande revolução foi a mesinha na calçada, que se mantém até hoje. Abrimos o espaço para o outro e conversamos com essas pessoas, além de trazermos algumas delas para trabalhar conosco. Até para reconhecer primeiro esse território, que era hostil para a gente, um lugar de difícil convivência. Algumas trabalham até hoje. Temos meninos que estavam no tráfico, que atuavam como “aviõezinhos” e abasteciam os inferninhos aqui da Augusta. E a gente foi trazendo essa moçada, travestis, transexuais, e vimos também a vida dessas pessoas transformada”, revelou o artista.
Segundo Cabral, essa ocupação cultural revolucionou para sempre o impacto urbano na cidade de São Paulo, transformando a região do centro em um verdadeiro polo de economia criativa.
“Esse movimento foi tão potente que criou o Baixo Augusta, que é um outro jeito de ver a cidade. A gente mostrou e mostra até hoje que é possível rever a história, que é possível rever a geografia. Hoje, tudo começa na Roosevelt e tudo acaba na Roosevelt, da Parada Gay às manifestações políticas. É uma maravilha o que a gente pode fazer em um território. Hoje, tudo começa na Roosevelt e tudo acaba na Roosevelt, da Parada Gay às manifestações políticas. É uma maravilha o que a gente pode fazer em um território. Lembrando que começamos isso com um galpãozinho pequeno, onde cabem setenta pessoas. Precisamos lembrar também que esse conceito não é novo e a gente não inventou a roda. Vimos isso em Nova York com o Soho, em Lisboa, em Berlim, na Alemanha…Enfim, a gente foi vendo que esses espaços degradados onde ninguém queria morar, habitar, podem ser salvos pelos artistas, e a arte pode, sim, ressignificar esse espaço”, acrescentou o ator em depoimento a Clayton Freitas.
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