Qualquer um que estude, faça ou frequente o teatro já escutou alguém soltando a interjeição “Evoé!” como forma de expressar alegria e entusiasmo, especialmente em assuntos relacionados ao teatro.
Mas, e além de ser um grito de felicidade e empolgação, o que mais representa essa saudação?
“Evoé!” era o que gritavam os participantes dos bacanais como forma de invocar Baco (ou Dioniso, para os gregos), deus do vinho e das festas. As bacantes – ou mênades, mulheres devotas do deus – entoavam “Evoi! Evoi!”. Assim, brindes e gritos permeavam essas orgias ritualísticas.
A juventude de Baco, em pintura de William Adolphe Bouguereau
O termo também tem grande valor simbólibo para o carnaval – festividade que também tem suas raízes associadas ao culto de Dioniso.
Para situar melhor o leitor, aí vai um trecho da tragédia “As bacantes”, de Eurípedes, que também foi encenada no Brasil, por Zé Celso e seu Teatro Oficina:
“Entre gritos de Evoé, ele clama:
Ide, Bacantes!
No esplendor do Tmolo que rola torrentes de ouro,
celebrai a Dioniso
pelo rufar dos tamboris,
glorificando o deus Evoé com Evoés,
em gritos estridentes ao modo frígio, quando o sacro loto de melodioso tom
fizer ecoar os sacros acordes dos folguedos, em uníssono
c’os espíritos alucinados, para a montanha, para a montanha!
Então, plena de deleite, como a poldra que com a mãe
vai pascer, a Bacante seus pés velozes em saltos agita…”