POR JONAS LÍRIO
Para dar início às aulas dos cursos regulares de 2019, neste sábado (2) a SP Escola de Teatro recebeu o cantor Zeca Baleiro. No encontro com estudantes, formadores e coordenadores, ele falou sobre a influência do imaginário infantil e popular em seu processo criativo, tema que vai nortear as discussões deste primeiro semestre na Instituição.
“Meus filhos achavam que as histórias que eu contava sobre a minha infância eram fábulas”, diz Zeca. Nascido e criado no interior do Maranhão, ele atribui muito de sua criatividade à época em que era menino. Cantigas de roda, brincadeiras na rua e histórias de assombração fizeram parte de sua formação, lembra. “Para eles, isso já é uma coisa tão distante no tempo e no espaço, é uma outra realidade”.
O cantor também cita os circos mamembes e o que chama de “personagens de rua” (figuras tipicamente identificadas como “loucas” que são comuns em cidades pequenas) como referências em seus trabalhos como músico. Para ele, no entanto, tudo isso já não faz mais parte da realidade das crianças. “Esse imaginário primitivo é muito lúdico. Mas hoje em dia as crianças de um ano já têm celular, tablet… Na minha época a gente jogava bola, brincava na rua.”
Na extensa lista de projetos de Zeca Baleiro, há um espaço considerável para trabalhos voltados a crianças — se é com algum propósito maior ou por pura atração ao tema, o cantor não deixa claro. Mas entre o projetos, há, por exemplo, o musical infanto-juvenil “Quem Tem Medo de Curupira?”, encenado em 2010 em São Paulo. A história da peça gira em torno de figuras folclóricas clássicas, como o Saci Pererê e a Caipora, em uma viagem à cidade grande para tentar resgatar sua popularidade, que foi perdendo força desde o início século 21.
“Essa cultura popular está ligada diretamente ao tempo da oralidade, que a gente já não vive mais. Até vive, mas não cultiva com a devida importância”, diz Zeca.
Além de Zeca Baleiro, mais artistas, grupos de teatro e profissionais que estudam o imaginário das crianças vão passar pela Instituição para contribuir. No final do período, os estudantes apresentam experimentos cênicos baseados nas discussões levantadas com o tema.
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